Acesso ao principal conteúdo
PORTUGAL

A Casa dos Estudantes do Império contada pelos seus residentes

Continua a decorrer desde ontem e ainda até segunda-feira o colóquio internacional de homenagem à Casa dos Estudantes do Império, na Fundação Calouste Gulbenkian, um evento organizado pela UCCLA, União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, que reúne estudiosos e numerosos antigos residentes desta casa que enquanto funcionou, entre 1944 e 1965, foi um dos lugares por onde transitaram e se contactaram jovens estudantes que viriam depois a lutar pela independência dos seus respectivos países, então sob tutela de Portugal.

Homenagem à Casa dos Estudantes do Império
Homenagem à Casa dos Estudantes do Império Liliana Henriques
Publicidade

Criada pelo regime salazarista para estimular o sentimento de pertença a um império, esta casa acabou por se tornar exactamente o inverso. Lugar de encontros, de debate político e também de criação cultural, a Casa dos Estudantes do Império muito cedo começou a despertar a desconfiança do próprio regime que a criara.

Em vésperas da década de 50, depois da independência da Índia e de começarem a ecoar com cada vez mais força os anseios de liberdade de outras nações pelo mundo fora, a Casa dos Estudantes do Império já vivia sob apertada vigilância da PIDE, a policia política do regime salazarista. O ponto culminante desta desconfiança acabou por ser atingido no início da década de 60, quando mais de 120 estudantes fugiram para se irem juntar clandestinamente aos movimentos independentistas dos seus respectivos países.

O cabo-verdiano Moacyr Rodrigues que viveu na Casa dos Estudantes do Império entre 1958 até ao seu encerramento em 1965 não deixa de observar com alguma ironia que os objectivos que pautaram a criação daquela instituição pelo Estado Novo não chegaram a ser cumpridos.

00:54

Moacyr Rodrigues

Embora a Casa dos Estudantes do Império não albergasse exclusivamente jovens com ideias anticolonialistas, muitos daqueles que iam para lá, tinham alguma consciência política : tal foi o caso de Mbeto Traça, general das Forças Armadas Angolanas na reforma, que por lá ficou entre 1962 e 1964, altura em que desertou depois de ter sido compulsivamente integrado nas forças armadas portuguesas.

01:15

Mbeto Traça

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.