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Argentina/Mar del Plata

WikiLeaks monopoliza Cúpula Ibero-americana

A 20ª Cúpula Ibero-americana, que se realiza hoje em Mar del Plata, tem como tema principal a educação. No entanto, o tema será ofuscado pelas revelações do site WikiLeaks sobre os chefes de Estado da região. A saúde mental da presidente argentina, Cristina Kirchner, foi questionada pelo governo norte-americano, conforme revelou um documento vazado.

Policiais patrulham o local onde se realiza a 20ª Cúpula Ibero-americana, no balneário argentino de Mar del Plata
Policiais patrulham o local onde se realiza a 20ª Cúpula Ibero-americana, no balneário argentino de Mar del Plata Reuters
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O tema oficial da cúpula, a educação, certamente será ofuscado pelas revelações do site WikiLeaks sobre chefes de Estado ibero-americanos. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, reconheceu que o assunto deve centralizar a atenção dos líderes que participam da reunião no balneário argentino de Mar del Plata. O presidente Lula vai ao encontro, que não terá a presença do premiê espanhol, José Luiz Rodrigues Zapatero, e do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. O governo de Honduras não foi convidado para o encontro.

Entre os telegramas revelados pelo WikiLeaks, alguns são constrangedores para a anfitriã do evento, a presidente Cristina Kirchner, da Argentina. Sua saúde mental foi questionada pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, devido à relação fusional com o marido e predecessor Néstor Kirchner, falecido recentemente. Na mensagem, Hillary duvidou da capacidade de Cristina controlar os nervos e a ansiedade, estimando um impacto negativo do estresse sobre conselheiros diretos e decisões políticas da presidente. Cristina evitou comentar o conteúdo do telegrama, o que não foi o caso do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que sugeriu que alguém deveria estudar o equilíbrio mental de Hillary.

Outras revelações indiscretas vieram à tona como o suposto comentário feito pelo ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, de que o dirigente boliviano Evo Morales teria um tumor cancerígeno no nariz, o que foi desmentido pelo governo da Bolívia.

O presidente do Equador, Rafael Correa, condenou o vazamento das mensagens confidenciais pelo WikiLeaks. Paralelamente, ele pediu aos serviços de inteligência equatorianos que verifiquem se seu governo foi espionado pelos Estados Unidos, conforme sugerem algumas mensagens. Segundo Correa, seria "muito grave" constatar que os Estados Unidos espionaram o governo equatoriano. "Os Estados Unidos cometeram um grave erro, destruindo a confiança dos países aliados e amigos com essas espionagens", afirmou Correa.

Suspeita-se também que o espanhol Zapatero cancelou sua presença para não ter que explicar suas declarações sobre o nível de corrupção existente na Argentina, como divulga o WikiLeaks. O México também ficou em uma posição incômoda com o pedido ao Brasil para frear o ativismo exacerbado do venezuelano Chávez. Diante desse contexto diplomaticamente catastrófico, a questão é saber se os chefes de Estado e de governo vão contemporizar e virar a página ou, ao contrário, se emaranhar na rede de intrigas revelada pelo site.

A declaração final da cúpula deve ter um artigo reafirmando o compromisso dos países com a cláusula democrática na região, nos mesmos moldes do documento aprovado no final de novembro pela Unasul. As nações latino-americanas propõem a Portugal e Espanha a aplicação de sanções comerciais automáticas em caso de golpe de Estado em algum país do grupo.

Esta será a última Cúpula Ibero-americana do presidente Lula, que deixa o poder no dia primeiro de janeiro. Em Mar del Plata o presidente brasileiro tem encontros bilaterais agendados com o presidente do México, Felipe Calderón, e com o rei Juan Carlos da Espanha. Lula volta ao Brasil no sábado e no domingo recebe o rei espanhol para um almoço no Palácio da Alvorada. Até a noite de quinta-feira confirmaram presença na cúpula Sebastián Piñera (Chile), Juan Manuel Santos (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Felipe Calderón (México), José Mujica (Uruguai) e Hugo Chávez (Venezuela), assim como o rei Juan Carlos. 

 

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