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Cúpula iberoamericana/Brasil

Sem Dilma, Cúpula Iberoamericana deve discutir crise na Europa

Começa nesta sexta-feira em Assunção, no Paraguai, a 21ª Cúpula Iberoamericana, que reúne 22 países, entre eles Portugal e Espanha. O Brasil será representado pelo vice-presidente Michel Temer, já que Dilma estará preparando a pauta da reunião do G-20, que acontece nos dias 3 e 4 de novembro em Cannes, no sul da França.

A presidente Dilma sera representada pelo vice Michel Temer na cúpula iberoamericana
A presidente Dilma sera representada pelo vice Michel Temer na cúpula iberoamericana REUTERS
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Sem Dilma e Cristina Kirchner, a Cúpula Iberoamericana, que começa nesta sexta-feira em Assunção, no Paraguai, acabou se transformando em um encontro secundário na agenda diplomática anual, explica Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp. "A presidente Dilma disse que não iria e a presidente Cristina Kirchner também declarou que não estaria presente. Isso esvazia a cúpula, mas o que se especula é que a decisão principal será uma posição oficial da América Latina em relação à crise financeira", declara.

Além disso, destaca, poderão haver discussões bilaterais importantes entre as lideranças latinas e os representantes de Portugal e Espanha, para coordenar as propostas que serão apresentadas no G-20. Além da ausência da presidente, não comparecerão à cúpula os chefes de Estado da Argentina, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador e Honduras.

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Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Unesp

O Brasil tem deixado claro que os ajustes fiscais excessivos, que provocam uma retração do consumo, não são a melhor solução para a crise europeia. "A América Latina passou por essa situação nos anos 80 e meados dos anos 90 e a recomendação é que as medidas restritivas aceleram ou aprofundam a crise", declara o especialista. Temas que deverão ocorrer à margem do encontro, entre México, Argentina e Brasil, que estarão presentes em Cannes. O especialista ainda ressalta que na reunião, "apesar de ter sido um palco de interlocução entre Espanha, Portugal e a América Latina", provavelmente não haverá grandes decisões a respeito do tema do desenvolvimento, que está no centro dos debates. “A ausência de Dilma e de Kirchner demonstra que não haverá anúncios concretos em pauta", declara.

Segundo ele, a tendência, em um mundo onde imperam as questões multilaterais, é a criação de fóruns regionais próprios, como a União das Nações sul-americanas (Unasul), por exemplo. “A ideia é reunir blocos que discutam as questões regionais e a América Latina tem mostrado um crescente peso internacional, em especial o Brasil, em detrimento da influência dos Estados Unidos na região, e da Europa que se tornou menos em relação a outros atores. Então Brasil e América Latina estão apostando na diversificação de seus relacionamentos internacionais e comerciais, como no caso dos BRIC", salienta.

A América do Sul, diz ele, tem tentado ficar mais autônoma e menos dependente, mas isso não quer dizer que Europa e Estados Unidos deixam de ser importantes. "A postura brasileira e sul-americana é bastante consistente para enfrentar a crise que está afetando esses mercados tradicionais", conclui. Ele ainda lembra que, no âmbito comercial, enquanto a Europa não melhorar sua política de subsídios, dificilmente haverá um estreitamento das parcerias com o Brasil. "É um problema que ainda não foi solucionado, mas outros mercados surgiram e a Europa se tornou menos importante."

 

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