Mercosul discute crise no Paraguai e zona de livre comércio com China
Pelo lado político, a situação do Paraguai. Pelo lado econômico e comercial, as barreiras que a Argentina impõe aos produtos importados e a possibilidade de uma área de livre comércio com a China. Com esses assuntos em destaque começa nesta quinta-feira a reunião de Cúpula do Mercosul em Mendoza, na Argentina.
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Márcio Resende, correspondente da RFI, em Buenos Aires,
Na reunião política, os chanceleres de Brasil, Argentina e Uruguai vão tentar avançar num consenso sobre a situação do Paraguai depois da polêmica destituição do então presidente Fernando Lugo há seis dias. Para os países do Mercosul, houve ruptura do processo democrático e os países do bloco não reconhecem o novo governo de Federico Franco.
Por isso, o Paraguai foi proibido de participar desta edição da reunião do Mercosul, apesar de ser um dos quatro membros fundadores do bloco há 21 anos. O Mercosul baseia-se na "cláusula democrática" do Protocolo de Ushuaia de 1998. A cláusula foi criada justamente após tentativa de golpe no Paraguai.
Os chanceleres vão discutir um documento contra a queda de Lugo e eventuais sanções ao Paraguai a serem anunciadas amanhã pelos presidentes dos outros três membros do bloco. A presidente Dilma Rousseff chega à Argentina no final do dia para um jantar protocolar com os demais chefes de Estado.
A Argentina tem posição mais dura de condenação enquanto o Brasil defende sanções apenas políticas e não econômicas que prejudiquem o povo paraguaio. A tendência nas discussões é a de manter a suspensão do Paraguai dos foros regionais até as próximas eleições presidenciais em abril do ano que vem ou antes, se o Paraguai decidir antecipar a consulta popular.
Essa suspensão poderia deixar o caminho livre para a entrada da Venezuela no Mercosul. Membro em "processo de adesão" desde 2006, a Venezuela depende somente do Senado paraguaio, contrário à proposta. Quem também é contra a Venezuela no bloco comercial é o novo presidente do Paraguai, Federico Franco. Como todas as decisões do Mercosul precisam do consenso dos quatro membros, ao suspender o Paraguai, os demais países conseguiriam fintar a resistência do Senado paraguaio.
No campo comercial e econômico, os ministros da Fazenda discutem como superar as barreiras impostas pela Argentina aos produtos importados e a consequente represália brasileira que também passou a dificultar a entrada de produtos argentinos no Brasil.
As dificuldades do presente devem ser amenizadas com um discurso sobre o futuro. A China anunciou o interesse de estudar a viabilidade de uma área de livre comércio com o Mercosul.
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