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Colômbia/FARC

Colômbia inicia processo histórico de paz com as FARC

O presidente da Colômbia Juan Manuel Santos, anunciou nesta terça-feira, em um discurso na televisão, a abertura de uma negociação histórica de paz com a guerrilha das FARC. As discussões para um plano de paz acontecerão em Oslo, na Noruega, na primeira quinzena de outubro e, em seguida, na cidade de Havana, em Cuba. A abertura das negociações foi decidida graças a um trabalho de preparação que durou um ano e meio, segundo o presidente Santos.

Presidente Juan Manuel Santos anuncia início de diálogos para um acordo pacífico com as FARC
Presidente Juan Manuel Santos anuncia início de diálogos para um acordo pacífico com as FARC REUTERS/Javier Casella/Presidency/Handout
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Todos os contatos anteriores foram realizados em Cuba. Esta negociação será a a quarta tentativa de criação de um plano de paz nos últimos trinta anos na história da Colômbia. As FARC estão presentes no país há quase cinquenta anos.

Uma semana após ter revelado que o governo estabeleceu contatos com as FARC, o presidente Juan Manuel Santos afirmou ainda que as negociações de paz não serão ilimitadas e não vão durar anos. Acompanhado por membros do governo colombiano e oficiais militares, Santos anunciou na televisão que este acordo será diferente e não inclui a desmilitarização de territórios e nem a interrupção das operações militares, até que a paz seja restabelecida. " Trata-se de um caminho difícil, mas um caminho que nós todos devemos explorar", afirmou o presidente.

A última tentativa de negociação para um plano de paz com as FARC foi realizada em 2002, quando o ex-presidente Álvaro Uribe decidiu, depois de quatro anos, encerrar os diálogos, quando acusou a guerrilha de utilizar um território desmilitarizado no sul do país para se reforçar com treinamentos de combate. Com a ajuda dos Estados Unidos, o governo colombiano conseguiu reduzir pela metade o efetivo das FARC, que atualmente ainda somam mais de nove mil combatentes. O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe criticou o anúncio do presidente Santos. "Isso é muito grave. Ele começará um diálogo antes mesmo que os terroristas tenham encerrado suas atividades criminosas", protestou o ex-presidente.

Juan Manuel Santos lembrou durante o seu discurso, que o país tem uma chance única de que o sonho de viver em paz se realize finalmente.

As Farc são um movimento de guerrilha criado por camponeses em 1964, com inspiração marxista-leninista. O movimento é considerado como um grupo terrorista por países como o Brasil, Estados Unidos, Canadá, Argentina, Chile, além da União Européia. Em 2007, o movimentou possuía cerca de 18 mil guerrilheiros, un número duas vezes maior do que o atual. Os nove mil combatentes das FARC ainda se escondem nas florestas espalhadas pelo país.


FARC, Estados Unidos e Noruega reagem

O presidente americano Barack Obama elogiou o seu colega colombiano e declarou que os Estados Unidos estão prontos para oferecerem todo o apoio necessário para que as negociações de paz sejam bem-sucedidas. O presidente venezuelano, Hugo Chavez, declarou que acompanhará os esforços da vizinha Colômbia para chegar a um acordo. A Noruega, que sediará o diálogo entre o governo colombiano e as FARC, afirmou, por meio do ministro das Relações Exteriores, Jonas Gahr Stoere que o país está pronto e com vontade de ajudar as partes envolvidas nas negociações a encontraram uma solução pacífica. A União Européia anunciou que esta é uma oportunidade única para a paz.

O líder das Farc, Rodrigo Londoño, conhecido como "Timochenko", confirmou a abertura das negociações. "Esta é uma nobre e legítima aspiração que a insurreição colombiana defende há mais de meio século. Nós temos esperança que o regime não repetirá os mesmos cenários do passado. O sucesso não está nas mãos do presidente ou dos comandantes das FARC. Ela está nas mãos de todos os colombianos", concluiu Timochenko.

 

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