Negociações com Farc são principal tema do 2° turno na Colômbia
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, começa nesta segunda-feira (26) sua campanha para o segundo turno da eleição presidencial no país, marcado para o dia 15 de junho. Ele vai ter que se esforçar para recuperar o terreno perdido neste domingo. Apontado como favorito, Santos obteve cerca de 25% dos votos, contra pouco mais de 29% para Oscar Zuluaga, um ferrenho opositor do processo de paz em andamento com as Farc.
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Considerado durante muito tempo como favorito, Juan Manuel Santos tem três semanas para defender suas negociações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). No poder desde 2010, o presidente de centro-direita afirmou que seus eleitores têm "duas opções": "o fim da guerra ou a guerra sem fim" com a principal guerrilha colombiana, que após meio século de luta ainda conta com cerca de 8 mil combatentes.
Reunidos em Cuba, os negociadores chegaram a um acordo sobre uma reforma agrária - tema que que deu origem às Farc -, a participação dos ex-guerrilheiros na política e a luta contra o narcotráfico.
Um país dividido
Ex-ministro da Economia, o candidato da oposição, Oscar Zuluaga, conta com o apoio do ex-presidente Alvaro Uribe. Ele ainda é reverenciado no país pelas derrotas militares que inflingiu à guerrilha durante seu governo, entre 2002 e 2010. Recentemente eleito senador, Uribe não para de acusar Santos, seu ex-ministro da Defesa, de "trair a pátria" e de oferecer "impunidade" às Farc.
Na mesma linha, Zuluaga, que planeja lançar um ultimato de uma semana para que a guerrilha entregue as armas, afirmou que o próximo presidente não pode "deixar as Farc comandarem o país". Ele promete uma "paz séria e responsável".
Escândalos
A campanha do primeiro turno foi marcada por escândalos: um conselheiro presidencial foi acusado de ter recebido suborno da máfia e um integrante da equipe de Zuluaga foi processado por ter interceptado emails de Santos.
O segundo turno se anuncia igualmente turbulento. Com um cota de popularidade de 38%, o atual presidente parece estar pagando o preço pelo descontentamento social no país. Com 47 milhões de habitantes, um terço dos habitantes da Colômbia está na pobreza, apesar de um crescimento de cerca de 4%.
O primeiro turno teve um índice de abstenção de 60%, e o resultado final vai depender de como votarão os eleitores dos outros candidatos.
Os partidários da conservadora Marta Lucia Ramirez (15,6%) parecem mais próximos de Alvaro Uribe, enquanto os de Clara Lopez, que teve um dos melhores resultados da esquerda (15,3%), podem votar para Santos a fim de apoiar o processo de paz com as Farc. Já o ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa (8%), de centro, fez questão de enfatizar suas diferenças com os dois campos.
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