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Estados Unidos/Racismo

Multidão acompanha velório de jovem morto por policial nos EUA

Milhares de pessoas acompanharam nesta segunda-feira (25), o funeral de Michael Brown, o jovem negro morto há duas semanas por um policial branco na cidade de Ferguson, no sul dos Estados Unidos. O corpo do rapaz foi velado às 10h30 da manhã (horário local) em Saint-Louis, numa igreja batista com capacidade para receber até 5 mil fieis.

Em luto, moradores de Ferguson acompanham funeral do jovem Michael Brown
Em luto, moradores de Ferguson acompanham funeral do jovem Michael Brown REUTERS/Joshua Lott
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Mas a multidão era tão grande que uma sala suplementar com 2500 lugares teve de ser disponibilizada. Além das pessoas que foram prestar homenagens, o local estava lotado de jornalistas e câmeras, em um calor de mais de 40 graus.

Dentro do templo Friendly Missionary, era possível ouvir as palmas, no ritmo dos cantos gospel tradicionais das igrejas negras americanas. O caixão cinza estava cercado de fotos de Brown. Entre os famosos que foram prestar condolências, estava o pastor Jesse Jackson, o rapper Snoop Dogg, o diretor Spike Lee, Martin Luther King III e três representantes da Casa Branca. Apenas a família deve assistir ao enterro, no cemitério St. Peters, em Saint-Louis.

Racismo

Michael Brown estava desarmado quando foi assassinado a tiros em plena luz do dia pelo policial Darren Wilson. O jovem, que começaria a faculdade em breve, havia roubado um maço de cigarros de uma loja de conveniência. De acordo com um amigo que estava com Brown no momento do crime, ele estava com as mãos para cima quando foi baleado, mas outras testemunhas afirmam que ele teria tentado pegar a arma do policial. As autópsias mostraram que ele tomou ao menos seis tiros.

Uma revolta popular estourou depois do crime e mais de 60 pessoas foram presas. Para conter os manifestantes, a polícia usou fuzis de assalto, bombas de gás lacrimogênio e veículos blindados. Mas hoje, durante o velório, o pai de Brown pediu um "dia de silêncio e calma" para se despedir de seu filho.

Para Jane Brandon Brown, embaixadora da rede de pastores God International Ministers, "é preciso discutir as questões raciais, falar das tensões raciais e, a seguir, pensar como erradicá-las". Para ela, "a morte de Michael não foi em vão nem será utilizada como propaganda, mas como uma ferramenta para trazer união a uma região completamente dividida".

Outras vítimas do racismo

O capitão da polícia, Ron Johnson, que foi responsável por conter as manifestações que se seguiram ao crime, também participou da cerimônia, assim como familiares de outras vítimas de crimes raciais, como Sean Bell, morto pela polícia nova-iorquina em 2006 e Trayvon Martin, assassiando por um segurança em 2012, na Flórida.

No domingo, o reverendo Al Sharpton, líder na luta pelos direitos civis, disse que este é um momento de "reflexão sobre a maneira como avançamos em direção às soluções, sobre como reagimos à agressividade policial diante da chamada pequena delinquência". Em referência à morte de Eric Garner, pai de seis filhos asfixiado por policiais de Nova York no dia 17 de julho, ele disse que essa reflexão tem que acontecer desde Ferguson até Nova York.

Em prisão domiciliar, o policial Darren Wilson, de 28 anos, aguarda decisão do grande júri do Condado de Saint Louis, que determinará se ele será processado por homicídio.
 

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