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Uruguai/Eleições presidenciais

Pesquisas indicam segundo turno para presidente no Uruguai

Cerca de 2,6 milhões de uruguaios começaram a votar neste domingo (26) para eleger o sucessor do carismático José "Pepe" Mujica. As pesquisas indicam vitória de Tabaré Vazquez, da chapa do presidente mas, dificilmente, ele conseguirá ultrapassar os 50% que lhe garantiriam a vitória no primeiro tempo. O mais provável é que o candidato da Frente Ampla, que tem entre 43% e 46% das intenções de voto, enfrente Luis Lacalle Pou (do Partido Nacional, de centro-direita) ou Pedro Bordaberry (do Partido Colorado, conservador).

Presidente José Mujica chega a sessão eleitoral em seu famoso fusquinha azul
Presidente José Mujica chega a sessão eleitoral em seu famoso fusquinha azul Presidência do Uruguai
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Com informações do correspondente da RFI em Buenos Aires, Marcio Resende

A votação que, como no Brasil, é obrigatória, deve terminar às 20h30, no horário local, que é o mesmo de Brasília. Além de eleger o presidente, os uruguaios devem escolher 30 senadores e 99 deputados do Parlamento. Paralelamente, acontece um referendo sobre a diminuição da maioridade penal para 16 anos.

Cercado de correligionários e militantes, Mujica foi um dos primeiros eleitores a votar na sessão do bairro popular do Cerro (oeste da capital Montevideo). Ele chegou em seu fusca azul, acompanhado da mulher, a senadora Lucía Topolansky. Na chegada, ele lembrou que a "eleição não é uma guerra, é uma etapa importante, mas o país deve continuar avançando". Mujica, que passará a faixa ao sucessor no dia 1° de março de 2015, afirmou que vive este momento "com alegria e serenidade".

Se confirmadas as pesquisas, o adversário de Vazquez, que já dirigiu o país entre 2005 e 2010, enfrentará Lacalle Pou, de 41 anos, que reúne pouco mais de 30% das intenções de voto. No segundo turno, ele deve receber o apoio de Pedro Bordaberry, que tem 54 anos e é filho do autor do Golpe de Estado, que afundou o país em uma sanguinária ditatura militar (1973-1985). Bordaberry deve transferir entre 15 e 18% para a plataforma conservadora.

Boa gestão e incerteza de continuidade

Depois de dez anos de gestão da Frente Ampla, o país continua próspero e a maior parte das pessoas afirma que "vive melhor" hoje. O PIB cresceu 4,4% em 2013 - 11° ano consecutivo de alta -, o desemprego não ultrapassa os 6% e a pobreza diminuiu significativamente entre 2006 e 2013. Mas algumas iniciativas da gestão Mujica continuam a gerar polêmica, como a aprovação do casamento homossexual, do aborto e da legalização da maconha. Qualquer que seja o resultado da eleição, essa última corre sérios riscos de ser revista, já que nem o candidato de Mujica é favorável a ela.

Em termos gerais, segurança, educação e a inflação de 10% ao ano são as principais preocupações da classe média, majoritária no país. De acordo com as últimas pesquisas de opinião, ainda que Mujica consiga fazer seu sucessor, o desgaste do poder tende a aparecer nas eleições legislativas. Analistas apontam que dificilmente a Frente Ampla conseguirá a maioria no Parlamento.

Os uruguaios votam de olho nas eleições brasileiras

Uma vitória de Aécio Neves no Brasil pode ter impacto significativo sobre o pleito uruguaio. Defensor de uma política econômica conservadora, que priorize alianças com Estados Unidos e Europa em detrimento dos acordos regionais encampados pelas gestões petistas, o candidato tucano deve reduzir a importância do Mercosul.

Pelo tamanho da economia brasileira, pelo seu peso internacional e pela influência político-econômica que exerce na região, os analistas coincidem em afirmar que o resultado das eleições no Brasil, seja qual for, pode influenciar as eleições no Uruguai de forma imediata, beneficiando Tabaré Vázquez se a aliada Dilma Rousseff continuar, ou beneficiando a oposição de Lacalle Pou se Aécio Neves for eleito.

O segundo turno no Uruguai será no dia 30 de novembro, tempo suficiente para o processo brasileiro ter projeção sobre o uruguaio.
 

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