Barack Obama e Raúl Castro viram a página da Guerra Fria
Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, dialogaram neste sábado (11), no Panamá, em um encontro bilateral sem precedentes entre líderes dos dois países desde 1956. A reunião privada durou cerca de uma hora e marcou o início de uma nova era nas relações entre os dois países inimigos desde a Guerra Fria (1953).
Publicado a: Modificado a:
"A minha mensagem é de que a Guerra Fria terminou", disse Obama, ao final do que chamou de "discussão franca e frutífera" com o presidente cubano. Os governos americano e cubano continuarão a ter divergências, destacou o líder da Casa Branca. "Vamos insistir nas questões de direitos humanos e de respeito às regras democráticas", alertou, "mas isso não nos impede de avançar nos interesses comuns", explicou Obama. Ele acrescentou que a maioria dos americanos são favoráveis à normalização das relações com Cuba.
Antes do encontro a portas fechadas, à margem da 7ª Cúpula das Américas, Castro e Obama falaram brevemente com os jornalistas presentes. Obama agradeceu o cubano por sua "abertura" e disse que "ao longo do tempo, é possível seguir em frente e desenvolver uma nova relação [...] mesmo que tenhamos diferenças profundas e importantes".
Paciência
"Queremos falar sobre tudo, mas temos de ser pacientes, muito pacientes", disse Castro. "A história dos nossos países foi complicada, mas estamos dispostos a avançar", acrescentou. Mais cedo, os dois chefes de Estado haviam comemorado o retorno de Cuba ao cenário político regional depois de décadas de isolamento.
"Evento histórico"
Falando perante 35 líderes latino-americanos reunidos na Cidade do Panamá, Obama disse que a aproximação entre Washington e Havana marcou um "ponto de mudança" para as Américas: "Só o fato de que o presidente Castro e eu estejamos sentados aqui, hoje, é um evento histórico", disse Obama.
"Homem honesto"
Em um longo discurso, Castro relatou a interferência das sucessivas administrações americanas nos assuntos cubanos e latino-americanos. Mas elogiou a integridade do atual presidente dos Estados Unidos, chamando-o de "homem honesto" e expressou seu desejo de avançar em um "diálogo respeitoso" e uma "coexistência civilizada", apesar de "diferenças profundas entre os dois países".
A mão do papa
O encontro de hoje consolida uma reaproximação anunciada no dia 17 de dezembro passado, após 18 meses de negociações sigilosas, com a mediação do papa Francisco.
Embargo
Castro insistiu para que Obama resolva rapidamente a questão da suspensão do embargo comercial à ilha. O democrata lembrou que a medida depende da aprovação do Congresso. A Câmara dos Representantes e o Senado, dominados pela oposição republicana, estão divididos sobre o assunto.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro