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Brasil/ Eleições

Brasil está entre os cinco maiores mercados para os investidores do Reino Unido

A importância crescente do país para atração de investimentos e negócios ficou consolidada com criação do Brazilian Strategic Group (Grupo estratégico sobre o Brasil, em tradução livre) dentro da TheCityUK, uma instituição independente de promoção do mercado britânico e dos serviços financeiros do país.

Avenida Paulista, em São Paulo.
Avenida Paulista, em São Paulo. Flickr/ Kuca
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Elcio Ramalho, enviado especial à Londres

O grupo estratégico sobre o Brasil é composto por empresas britânicas e brasileiras e tem como objetivo principal ajudar os negócios entre empresários e investidores dos dois países.

Duas reuniões foram realizadas em setembro pelo grupo que é presidido por Colin Johnson, da empresa de consultoria e negócios Grant Thornton. Segundo ele, várias áreas estão no foco dos interesses britânicos.

"Já existem algums setores-chave identificados que consideramos promissores para parcerias entre Reino Unido e Brasil. Por exemplo, o mercado para ‘private equity and venture capital’, uma parceria entre os mercados de capitais da Bovespa e a LSE, seguros, infraestrutra e produtos de primeira necessidade e, também, oportunidades no setor de educação e treinamento além de energias renováveis. Todas essas áreas são de grande potencial a serem desenvolvidas entre os dois países", diz Colin.

O comércio bilateral entre os dois países foi superior a U$6 bilhões em 2009. Para o Brasil, o Reino Unido é o 15° país em volume de negócios com U$ 3,7 bilhões. Já para os britânicos o Brasil é o 16° país no ranking,  mas o comércio está em evolução.

De acordo com dados do ministério brasileiro das Relações Exteriores e da Embaixada do Brasil em Londres, entre janeiro e agosto de 2010 o volume de exportações do Brasil para o Reino Unido atingiu U$2,78 bilhões, um aumento de 18% em relação ao ano anterior, principalmente devido à venda de aeronaves e açúcar. No mesmo período, as exportações britânicas para o Brasil cresceram 67% e atingiram U$2,03 bilhões.

O crescimento é resultado de um maior diálogo de alto nível entre líderanças políticas e da área econômica, mas também de uma visão diferenciada conquistada pelo Brasil entre os investidores estrangeiros. Segundo Colin Johnson, o país tem hoje um perfil de um país atraente e seguro para investimentos.

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Colin Johnson, pres. Brazilian Strategic Group - TheCityUK

"Brasil tem uma imagem completamente diferente. Na época da inflação alta, havia muito pouco interesse por parte dos grandes investidores, mas isso mudou radicalmente com eventos como a Copa do Mundo, as descobertas das imensas reservas de óleo e gás do pré-sal e também os Jogos Olímpicos. Tudo isso combinado com o crescimento do PIB e a expansão da classe média ajuda a atrair muito mais investidores", afirma.

Para Colin Johnson, as eleições no Brasil são vistas com muita tranquilidade pelos investidores da City de Londres, uma das maiores praças financeiras do mundo.  "Um dos aspectos mais interessantes desta eleição é que todos os principais candidatos admitem que vão continuar no caminho que o Brasil tomou e apoiam o trabalho feito pelo presidente Lula. E indicam que vão prosseguir com esse trabalho", diz.  "Do ponto de vista dos investidores, a percepção é de que todos estão muito tranquilos em relação ao vencedor das eleições porque eles demonstram que vão continuar o trabalho desenvolvido pelo (presidente) Lula".

Colin Johnson, presidente do Grupo estratégico sobre o Brasil da TheCityUK, confirmou que no mês de outubro, investidores britânicos e lideranças políticas têm visita agendada ao Brasil para dar sequência a uma maior aproximação econômica entre os dois países.

Riscos

Apesar do interesse crescente dos investidores estrangeiros, o Brasil ainda é considerado um país com muitos obstáculos. "O discurso é tão positivo que às vezes fica difícil identificar os riscos. Lideranças do governo vêm aqui e dizem que o Brasil simplesmente não tem riscos. Sabemos que não é assim", diz a economista Catarina Pereira, chefe de projetos da Brazil Funding, empresa de consultoria financeira que integra o Brazil Strategic Group.

"A carga tributária brasileira ainda é muita alta e o sistema muito complexo para o investidor. Há também um excesso de burocracia e o sistema judiciário também é muito lento", afirma.

Para ilustrar as dificuldades do investidor estrangeiro, Catarina Pereira lembra que no relatório do Banco Mundial sobre as facilidades em se fazer negócios , o Brasil ocupa a 129ª posição entre 183 países.

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Catarina Pereira, Chefe de projetos - Brazil Funding

"É uma situação que não freia mas retarda o investimento porque os empresários precisam de mais tempo para estudar e entender o arcabouço legal e regulatório em que ele vai ter que se inserir", avalia. "É importante que esses riscos sejam realçados para o investidor decidir", diz Catarina.

Para a chefe de projetos da Brazil Funding, empresa que trabalha com consultorias para empresas brasileiras e britânicas, um dos problemas crônicos do Brasil é a infraestrutura. "O Brasil vai se tornar um das maiores economias do mundo, mas é carente de infraestrutura para se desenvolver", diz, citando carência no setor de transportes como aeroportos e ferrovias e ainda falta de portos para escoamento da produção industrial e agrícola.

Outro problema grave é com relação à educação. "O Brasil precisa melhorar a qualificação profissional, com maiores investimentos na formação técnica, por exemplo . É preciso dar à mão-de-obra local ferramentas para ela se desenvolver", afirma.

 

 

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