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Brasil/Inundações

Imprensa francesa acusa urbanização anárquica como responsável pela tragédia no Rio

Tanto Le Monde quanto Libération deste sábado trazem a mesma análise. Os dois jornais ressaltam que o número de mortos da pior catástrofe natural do Brasil continua a crescer a cada dia, assim como a polêmica sobre a responsabilidade pela tragédia. A construção de casas em áreas de risco e a falta de uma política de prevenção são as principais responsáveis pelo grande número de mortos, segundo os jornais franceses.

Equipes de resgate buscam vítimas das inundações em Teresópolis.
Equipes de resgate buscam vítimas das inundações em Teresópolis. ©Reuters.
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A correspondente de Libération no Brasil escreve que essa catástrofe, que é uma verdadeira prova de fogo para a presidente Dilma Rousseff, não foi só natural. Essa foi uma tragédia anunciada, afirma o jornal. As chuvas que caem na região serrana do Rio desde a última terça-feira são realmente excepcionais, explica Libé. Mas fazendo um paralelo com as também excepcionais inundações na Austrália, que deixaram 14 mortos, o jornal de esquerda diz que o Brasil não tem nenhuma desculpa para dizer que foi surpreendido pelas chuvas, que sempre acontecem nesta época do ano. Citando um especialista, o artigo lembra que as inundações são freqüentes no país e que o governo brasileiro tem dinheiro para tentar evitá-las.

O jornal lembra que a ocupação urbana de áreas de risco já tinha sido apontada como responsável pelas mortes no deslizamento de Niterói, em abril do ano passado. “Apesar das tragédias freqüentes, o Estado brasileiro continua investindo mais para consertar os estragos do que para tentar prevenir as inundações. Somente 13% dos 355 milhões de euros liberados esta semana pela nova presidente do país serão destinados à prevenção”, lamenta a conclusão do artigo.

Le Monde, no entanto, considera que o debate sobre as responsabilidades por essa catástrofe é relativamente pequeno no Brasil. Segundo o jornal liberal, a principal crítica veio do exterior. “Este drama é inaceitável”, afirma Debarati Guha-Sapir, um especialista da Organização Mundial da Saúde, ao Le Monde. Ele diz que as mais de 500 vítimas na região serrana do Rio morreram porque “não existe nenhuma vontade política para impedir a repetição anual desses dramas no Brasil”.
 

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