Jornal ''Le Monde'' destaca atuação da diplomacia brasileira na Rio + 20

A edição do jornal Le Monde deste fim de semana dedica meia página à atuação dos diplomatas brasileiros na Conferência Rio + 20, e à importância do país no cenário mundial. Segundo o jornal, o país consolida como uma das potências emergentes mais estáveis no contexto da mundialização.

La Marche mondiale des peuples organisée en marche du sommet de Rio réunissait des ong du monde entier, le 20 juin 2012. AFP PHOTO / Christophe Simon

O artigo de meia página do Le Monde, "Brasil, campeão dos emergentes", destaca a influência da diplomacia do país nas negociações que envolvem as principais economias do mundo, e o último exemplo é a Rio + 20. Segundo o jornal francês, o encontro revelou a habilidade do Ministério das Relações Exteriores a impor seu ponto de vista, e coloca o Brasil entre os principais líderes dos países emergentes. O Le Monde lembra que, apesar de todas as críticas relativas ao texto final da reunião, o Brasil conseguiu obter um acordo, mesmo que ele seja ‘medíocre.’ A Cúpula, destaca o jornal francês, marca o fim de um ciclo, e o surgimento "de uma diplomacia da prosperidade" onde as relações do eixo sul- sul são mais decisivas do que as do eixo sul-norte.

Ainda de acordo com o jornal, a coesão do corpo diplomático brasileiro na Conferência, que implicitamente tinha o apoio dos Estados Unidos, mostra que o equilíbrio do poder mundial sofreu uma ruptura, aumentando a influência do Brasil, China e India. Na Rio + 20, o país utilizou, de acordo com o Le Monde, um argumento implacável : os países ricos devem pagar se buscam a coerência.

Para o jornal, o Brasil já mostrou no passado um estilo reativo diante da pressão externa. Acusado de ter sua parcela de culpa no desmatamento da floresta amazônica nos anos 90, o país contra-ataca organizando a Eco 92. Desde então, o governo brasileiro encadeou uma série de cúpulas bem-sucedidas, segundo o Le Monde. A título de exemplo : as negociações na Rodada de Doha, os diversos encontros do BRIC, e a criação de um G-20 com a participação dos países emergentes, que assumem desta forma seu papel de protagonista na economia mundial.

Segundo o Le Monde, o Brasil talvez tenha encontrado seu lugar ao sol, citando o jornal alemão Der Spiegel : "O Brasil vencedor da globalização." O jornal francês também destaca um comentário publicado sobre o Brasil na revista New Yorker : "O país obteve um triplo milagre : um forte crescimento econômico e uma diminuição da desigualdade social." O Le Monde encerra o texto concluindo que a manutenção do Brasil entre as principais potências mundiais agora depende dos outros emergentes e de um projeto para o futuro.