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França/Patriota

Em Paris, Patriota critica solução militar para a Síria

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, chegou nesta segunda-feira a Paris, onde se encontrou pela manhã com o chanceler francês, Laurent Fabius. Além de discutir as parcerias bilaterais entre os dois países, o ministro brasileiro voltou a afirmar que o Brasil é contra uma solução militar na Síria, e disse que a criação de uma zona de exclusão aérea não impediria os ataques terrestres, mais intensos.

O chanceler brasileiro Antonio Patriota e o francês, Laurent Fabius, em entrevista conjunta.
O chanceler brasileiro Antonio Patriota e o francês, Laurent Fabius, em entrevista conjunta. Frederic de La Mure /MAE
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Durante um encontro seguido de um almoço no ministério das Relações Exteriores, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, e o francês, Laurent Fabius, discutiram as parcerias bilaterais, a cooperação no setor da defesa e a científica. O ministro brasileiro também aproveitou o encontro para reforçar a posição do país em relação ao programa nuclear iraniano e à crise na Síria. 

França e Brasil têm pontos de vista divergentes em relação à questão. O governo brasileiro defende o diálogo e exclui qualquer tipo de intervenção militar. "O novo mediador, Brahimi, tem condições de aplicar o Plano de Paz, e trazer uma solução que nós esperamos que possa ser decisiva para um cessar-fogo definitivo, indispensável para o processo político", disse o ministro brasileiro, em entrevista coletiva à imprensa, logo depois da reunião.

Sobre a criação da zona de exclusão aérea, uma proposta que começa a ganhar força na comunidade internacional, Patriota foi reticente. "Não sei se os ataques aéreos são a principal fonte de violência na Síria", disse. Segundo ele, os ataques terrestres continuariam intensos. Em seguida, concluiu: "somos a favor de tudo que pudesse colocar um fim aos combates", deixando no ar se o Brasil poderia vir a apoiar a iniciativa.

A França assumiu em agosto a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, e convocou para esta quinta-feira uma reunião ministerial sobre Síria, focada na ajuda humanitária. Patriota, que elogiou a iniciativa do chanceler francês, anunciou que o Brasil fará uma doação de 120 mil U$ para ajudar os refugiados sírios no Líbano.

Ataque unilateral contra o Irã seriam catastrófico, diz Patriota

O chanceler brasileiro voltou a insistir no diálogo com o Irã, que continua a enriquecer urânio a alto teor para seu programa nuclear. Segundo ele, o Irã deve se explicar sobre a natureza do seu programa pacífico, mas as sanções não surtem o efeito esperado pelas potências ocidentais. Em relação à um ataque unilateral ao país, o chanceler brasileiro declarou que, caso isso ocorresse, seria "catastrófico.’’ De acordo com ele, um ataque nesses moldes representaria um elemento de desestabilização "muito grave em uma região que já é palco de uma turbulência e instabilidade considerável." O chanceler francês Laurent Fabius defendeu sua posição, dizendo que era favorável ao diálogo até onde ele fosse possível, não descartando as sanções como meio de pressão.

‘Temos a melhor proposta’, diz chanceler francês sobre o Rafale

Os dois chanceleres também falaram sobre a cooperação estratégica no setor da Defesa entre o Brasil e a França. Desde 2008, os dois países tem um acordo no setor que prevê, entre outros contratos, a construção de um submarino nuclear e de helicópteros militares. Em relação à compra do Rafale, o caça francês que disputa a licitação para a renovação da frota da FAB (Força Aérea Brasileira), Patriota declarou à imprensa que não tinha "nada a acrescentar", lembrando que o assunto é da alçada do ministro da Defesa, Celso Amorim.

O chanceler francês Laurent Fabius defendeu o caça francês, e aproveitou a ocasião para dizer que, para ele, a melhor proposta apresentada pelos concorrentes era a da França. Estão na disputa o Gripen, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da Boeing. “Mas a decisão final pertence ao Brasil”,  ressaltou o chanceler francês. A França aposta na transferência da tecnologia, uma exigência do Brasil, para vencer a licitação.

O ministro Antonio Patriota deixa Paris nesta terça-feira, e viaja para Estocolmo, onde assinará memorando de cooperação trilateral, entre Brasil, Suécia e países em desenvolvimento.

 

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