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Brasil/ JMJ

Corrupção e violência são temas de discurso de papa Francisco

O papa Francisco voltou a se referir à corrupção no Brasil, durante o discurso que fez para cerca de 1 milhão de fiéis na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na noite desta sexta-feira. Após a encenação da Via Crúcis, os últimos momentos de vida de Jesus Cristo, o pontífice afirmou que, com a cruz, “Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho”.

Papa assistiu à celebração da Via Crucis, em Copacabana, na noite desta sexta-feira.
Papa assistiu à celebração da Via Crucis, em Copacabana, na noite desta sexta-feira. REUTERS/Ueslei Marcelino
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Na quinta-feira, Francisco havia incentivado os jovens a “não desanimarem” diante da corrupção, “pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício”. Na noite desta sexta, quinto dia da visita do papa ao país, ele também mencionou as vítimas de violência. “Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos”, declarou. E lembrou "das famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga."

Durante a manhã, o papa já havia abordado o tema da violência, ao se encontrar com oito jovens infratores no Palácio São Francisco, na sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Ele recebeu uma cruz de presente, com a inscrição “Candelária Nunca Mais”, em referência ao massacre da Igreja da Candelária, que completou 20 anos na semana passada.

De acordo com o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, o pontífice ficou “emocionado” com a lembrança da chacina de oito crianças que dormiam em torno da igreja, e comentou: "Candelária, nunca mais. Violência, nunca mais, só amor". Depois, ele orou com os menores, antes de se dirigir ao balcão principal do palácio e rezar o Angelus Domini diante de 5 mil fiéis, quando destacou a importância da família.

Agenda ao lado dos jovens

A primeira atividade do pontífice nesta sexta foi ouvir as confissões de cinco peregrinos que participam da jornada, na Quinta da Boa Vista; onde estão instalados 50 confessionários portáteis. Durante a tarde, ele descansou na residência Assunção, da Arquidiocese, e à noite foi de helicóptero até o Forte de Copacabana, onde embarcou no papamóvel e percorreu uma vez a orla.

Ao contrário da quinta-feira, desta vez o veículo se deslocou com mais rapidez na via separada dos fiéis por barreiras metálicas. Porém o pontífice parava o trajeto para beijar e abençoar crianças e desceu do veículo para abençoar uma réplica da estátua de São Francisco e deficientes físicos, sempre aos sorrisos.

Ele acompanhou a representação da Via Sacra, a principal atração da Jornada Mundial da Juventude. Através da encenação, dirigida por Ulisses Cruz, 20 atores e 206 voluntários tocaram em temas delicados e contemporâneos como o uso de drogas, a violência ou o aborto. Depois do espetáculo, o papa pediu aos fiéis que rezassem pelas 242 vítimas do incêndio na boate Kiss, ocorrido em janeiro.  Prosseguiu com um  discurso  sobre a importância da cruz para a igreja católica, fazendo analogia com as “cruzes” que os fiéis carregam – como a corrupção, a violência, a intolerância religiosa, o racismo ou a fome, “num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida”.

"O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de 'Terra de Santa Cruz'. A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final”, disse o papa. “Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco."

Participação na noite de vigília

Neste sábado, o pontífice reza uma missa para religiosos na Catedral de São Sebastião, e depois encontra-se com autoridades no Theatro Municipal. Francisco almoça com cardeais, no Sumaré, e no início da noite retorna a Copacabana para a vigília com os jovens peregrinos. Ao longo do dia, eles terão feito uma caminhada da Central do Brasil até a praia, num percurso de 9,5 quilômetros que faz parte das atividades da jornada.
 

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