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Ucrânia/Crise

Em Paris, Brasil confirma moderação em posicionamento sobre a Crimeia

Na primeira manifestação do governo brasileiro sobre a crise na Crimeia, o ministro das Relações Exteriores Luiz Alberto Figueiredo afirmou, na manhã desta quinta-feira (19), em Paris, que o Brasil acompanha os desdobramentos com atenção e que o país apoia os esforços das Nações Unidas para que Rússia e Ucrânia encontrem uma solução negociada.

Encontro dos ministros Luiz Alberto Figueiredo (à direita) e Laurent Fabius nesta manhã em Paris.
Encontro dos ministros Luiz Alberto Figueiredo (à direita) e Laurent Fabius nesta manhã em Paris. Bruno Chapiron/Ministère des Affaires étrangères
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O chanceler brasileiro se encontrou com o seu par francês, Laurent Fabius, para dar sequência aos acordos iniciados pelo presidente François Hollande, três meses após a sua mais recente visita ao Brasil. Mas o assunto que predominou durante a entrevista aos jornalistas foi a questão ucraniana.

Ao ser indagado se o Brasil não condenaria as ações russas, Figueiredo disse que "não devemos confundir as coisas" e confirmou que o encontro do grupo dos Brics, do qual a Rússia faz parte, está mantido. Ele deve ocorrer após a Copa do Mundo, no Brasil. "A situação ucraniana é muito volátil. Nós a seguimos com muita atenção. Para nós, o importante é resolver a situação e, para isso, é preciso negociar, conversar. Podemos agir de diferentes maneiras para chegar à solução. Queremos uma solução negociada entre todas as partes dentro do contexto de um respeito democrático e da vontade dos ucranianos".

O ministrou afirmou ainda que o Brasil incentiva o diálogo na região: "A Ucrânia é um país amigo do Brasil e devemos acompanhar com muita atenção. Nós apoiamos todos os esforços do secretário geral das Nações Unidas em direção a uma solução negociada do problema. Creio que os ucranianos devem conversar entre eles para resolver a situação. Todas as partes devem agir com moderação."

Armas nucleares em xeque

Do lado francês, o ministro Fabius, como esperado, foi mais enérgico. Ele reafirmou a política francesa de atuar em duas frentes. De um lado, sanções econômicas em função do desrespeito ao Direito Internacional. De outro, o incentivo ao diálogo. "A nossa posição é ao mesmo tempo de firmeza, porque não se pode aceitar sem reagir que haja violação do Direito Internacional, ao mesmo tempo diálogo, porque é preciso evitar a escalada."

A França ofereceu observadores para acompanhar o caso e deve discutir outras ações nestas quinta e sexa, em um encontro europeu em Bruxelas. O chanceler francês salientou também a questão nuclear. Ele relembrou que a Ucrânia aceitou, em 1994, abrir mão de seu arsenal nuclear em troca de sua integridade territorial, em um tratado assinado inclusive pela Rússia.

A quebra desse acordo, segundo Fabius, atrapalha os esforços permanentes para a não proliferação de armas nucleares. "Se o sentimento que se dá é que um Estado que aceitou abandonar as armas não tem mais a integridade garantida, há o risco de ser interpretado como uma incitação aos outros países para que tenham armas para proteger seu terrirório. E isso é contrário a tudo que desejamos".

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