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Brasil/Copa 2014

Le Monde tenta explicar excelente média de gols na Copa 2014

"Carnaval de gols" é o título da matéria principal do caderno dedicado à Copa do Mundo no Le Monde. Ao longo de três páginas, ilustradas por fotografias de Neymar, Müller, Messi e Benzema, o vespertino tenta explicar a surpreendente média de 2,8 bolas na rede por partida, a melhor desde 1970 (2,96). Em tom bem-humorado, o jornal escala suas teorias.

Neymar, um dos artilheiros do mundial, comemora um de seus dois gols contra a Croácia
Neymar, um dos artilheiros do mundial, comemora um de seus dois gols contra a Croácia REUTERS/Ivan Alvarado
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A primeira delas atribuiria o mérito do espetáculo a FIFA, "essa vendedora de espetáculos". A entidade recomendou que a arbitragem priorizasse os ataques em detrimento das defesas. Derivam disso os altos índices de cartões e pênaltis marcados nas primeiras partidas. Mas, vale lembrar que os pênaltis praticamente desapareceram depois de uma chuva de críticas e outra, de centroavantes voadores. A recomendação da FIFA ajuda, mas não explica a profusão de placares elásticos.

Ciência

Talvez o calor. O jornal escreve que as altas temperaturas que os jogadores enfrentam sob o sol tropical das 13h enfraqueceriam os organismos, reduzindo a concentração. Isso beneficiaria os atacantes, que se aproveitam de "apagões" defensivos para fazer jogadas rápidas. "Pequisadores britânicos se dedicam à questão porque sempre há um pesquisador britânico para se dedicar ao futebol", ironiza Le Monde. O que eles teriam concluído? Que "o tempo bom favorece a audácia, enquanto o frio produz um futebol mais retranqueiro".

As grandes defesas também não entraram em campo. Até agora, a única atuação de goleiro que recebeu destaque foi a do mexicano Guillermo Ochoa, principal responsável por um dos raros zero a zero do torneio. Aliás, vem da América Latina a próxima teoria: a coletividade e a raça do Novo Mundo se impõe sobre o individualismo dos craques do Velho Continente, como Cristiano Ronaldo, Andrea Pirlo e Mario Balotelli.

Contra-ataques sucessivos

Mas quem sustenta as melhores teses é o ex-treinador francês Christian Gourcuff, entrevistado pelos enviados especiais do Le Monde Benoit Hopquin e Bruno Lesprit: "As equipes jogam todas no contra-ataque", ele explica. "O ritmo é tão forte que a organização tática desaparece". O ônus deste jogo verticalizado, de ligações diretas entre os setores defensivo e ofensivo, é o desaparecimento do meio de campo. Pouca coisa acontece no meio de campo.

Que o diga a seleção brasileira, que deposita toda sua esperança de armação pelo meio nas costas de Oscar, de 22 anos. Além da responsabilidade de exercer essa função mítica, desempenhada por gente do calibre de Pelé, Sócrates, Zico, Rivaldo e aí por diante, ele tem de auxiliar os volantes na marcação. Logo ele, que está acostumado a jogar quase como um terceiro atacante no Chelsea.

Em meio a todas as teorias, os brasileiros podem sacar uma superstição da alta média de gols do Mundial de 2014: a última vez em que os craques marcaram mais do que 2,7 gols por partida, foi em 1970. Aquela que, até hoje, é considerada por unanimidade a melhor copa de todos os tempos. Nela, o Brasil terminou campeão. Que qualquer semelhança não seja mera coincidência.
 

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