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Brasil/eleições 2014

Com "Tucanafro", PSDB quer dar visibilidade a militantes negros do partido

O PSDB tem, entre os seus críticos, a fama de ser um partido elitista e representante apenas das altas esferas sociais, sobretudo de São Paulo. Mas um grupo de militantes tenta oferecer uma nova imagem dos tucanos, integrando nos seus quadros militantes e aspirantes a políticos negros e pardos.

Candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) acompanhado por militantes do movimento Tucanafro.
Candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) acompanhado por militantes do movimento Tucanafro. Facebook/Tucanafro
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Da enviada especial da RFI ao Rio de Janeiro

Em um Brasil onde o número de políticos negros não corresponde à realidade étnica do país, o PSDB tenta « empoderar » esse segmento da população e provar que as causas sociais não são apenas um monopólio de partidos de esquerda como o PT, o PC do B e o PSOL. Mas muitos ainda estranham ao ver um negro militando no partido fundado em Higienópolis, bairro chique de São Paulo. Para eles, Juvenal Araújo, presidente do Tucanafro tem uma resposta ensaiada.

“Fernando Henrique Cardoso foi o presidente que mais fez pelo negro no Brasil. O PSDB, através do Aécio em Minas, também promoveu a igualdade racial. O PSDB tem tudo a ver com o negro. O PSDB tem a igualdade racial no seu DNA”, afirma.

O Tucanafro já existia como um movimento dentro do PSDB há quase uma década, mas, no ano passado, às vésperas do corrida presidencial, o grupo ganhou um novo fôlego e hoje se tornou nacional. Até o momento, porém, os resultados ainda são modestos e a desigualdade racial permanece.

 Desigualdade permanece

A composição total do Congresso Nacional neste ano é de 20,5% de negros ou pardos e 79,5% de brancos. A população negra, porém, representa 52% dos brasileiros. Neste ano, o partido político que elegeu mais negros foi o PT (18 Deputados), seguido do PSB (10) e PRB (10). No Senado, os 5 negros eleitos pertencem aos partidos PT, PSB, PP, PDT e DEM.

Eduardo Sol, vice-presidente do Tucanafro no Rio de Janeiro, contemporiza. “Esse é um trabalho de médio e de longo prazo. Não temos um cronograma nem uma meta exata de numero de políticos negros eleitos pelo PSDB. Mas claro que sabemos a representatividade do eleitorado negro é um problema importante no Brasil e que atinge todos os partidos, não apenas o PSDB ».

Neste ano, Eduardo Sol se candidatou a Deputado Estadual no Rio de Janeiro. Criado em Padre Miguel, bairro de classe média baixa do Rio de Janeiro, o elegante jovem de 32 anos se aproximou do PSDB em um projeto dirigido pela então primeira Dama Ruth Cardoso. Doutor em geografia política e professor universitário, ele apresentou esse perfil para os eleitores.

Ele não se elegeu, mas não desanima e pretende continuar um trabalho de base na militância do partido. O objetivo não é atrair apenas a elite intelectual negra, mas, sobretudo, jovens negros de comunidades carentes. « Do ano passado para esse ano, mudou bastante. A primeira chapa nossa tinha a presença de advogados, de gestores e de professores. Ou seja, de negros que tiveram uma emergência social e um destaque do ponto de vista intelectual. Mas, com o crescimento que tivemos do ano passado até hoje, conseguimos inserir pessoas. Hoje, temos lideranças comunitárias importantes que fazem parte do Tucanafro também”, disse à RFI.

No Rio de Janeiro, o PSDB busca novos militantes em comunidades carentes como o morro do Turano, na zona norte da cidade. « Queremos mostrar uma nova cara. Ter um diálogo maior com as classes menos favorecidas. Queremos que o partido reflita essa diversidade social. No resto do Brasil, o Tucanafro planeja realizar uma série de “blitze” para conversar com os jovens sobre os problemas que afetam os negros.

02:39

Tucanafro é estratégia do PSDB para dar visibilidade a negros no partido

 

 

 

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