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Literatura/morte

Morre, aos 97 anos, o poeta Manoel de Barros

O poeta Manoel de Barros, um dos maiores expoentes da literatura brasileira, morreu nesta quinta-feira (13), em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, aos 97 anos. Ele estava internado desde o último dia 24 por causa de uma obstrução intestinal. Ele tinha apenas um livro publicado na França.  

Morre, aos 97 anos, o poeta Manuel de Barros, ícone da literatura brasileira.
Morre, aos 97 anos, o poeta Manuel de Barros, ícone da literatura brasileira. https://pt-br.facebook.com/manoeldebarros
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A assessoria do hospital Proncor, em Campo Grande, informou que poeta faleceu às 8h05 (horário local) devido à falência múltipla de órgãos. Os governos de Mato Grosso – onde o poeta nasceu, e do Mato Grosso do Sul – onde Barros vivia, decretaram luto oficial de três dias.

O Ministério da Cultura enviou nota na qual “lamenta a perda do poeta Manoel de Barros e solidariza-se com seus familiares, amigos e leitores do Brasil e do mundo. Simples, de poesia delicada e repleta de seu imaginário pantaneiro, ao contrário do que dizem estes seus versos: ‘Quando o mundo abandonar o meu olho./ Quando o meu olho furado de beleza for esquecido pelo mundo./ Que hei de fazer’, Manoel de Barros jamais será esquecido”, escreve o comunicado.

André Puccinelli, governador do Mato Grosso do Sul, também lamentou a morte do poeta. “Pedimos a Deus que cubra de bênçãos seus familiares e que encontrem o consolo do amor e respeito que ele sempre recebeu de todos. “O escritor Manoel de Barros ficou conhecido por fazer poesia com uma leitura simples do mundo, como as belezas naturais, flores, plantas, animais e bichos do Pantanal”, escreveu o governador.

Vida e obra

Nascido em Cuiabá em 1916, Manoel de Barros estreou em 1937 com o livro “Poemas Concebidos sem Pecado”. Sua obra mais conhecida é o “Livro sobre Nada”, publicado em 1996. Ao todo, conquistou seis prêmios Jabuti, o mais importante da literatura brasileira e, em 2000, recebeu o Prêmio Academia Brasileira de Letras, pelo livro Exercício de Ser Criança.

A obra de Manoel de Barros se popularizou nas décadas de 80 e de 90, quando seus livros começaram a ser reconhecidos por nomes como Millôr Fernandes, Fausto Wolff e Antônio Houaiss e também a serem publicados na mídia brasileira.

No exterior, trabalhos do escritor foram publicados em Portugal, na Espanha e na França onde o “O Livro das Ignorãças” foi traduzido por Celso Libânio, em 2003, com o título “La Parole sans Limites. Une Didactique de l’Invention”.

Para os amantes de poesia, ficam os versos de uma das suas mais belas obras, o Tratado geral das grandezas do ínfimo, de 2001.

“A poesia está guardada nas palavras   é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios." (Manoel de Barros)
 

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