Investigação de escândalo da Petrobras “vai mudar o Brasil para sempre”, diz Dilma
Ao falar pela primeira vez sobre a nova etapa da operação Lava Jato da Polícia Federal, que já levou à detenção de 23 pessoas, entre elas executivos de grandes empreiteiras, a presidente Dilma Rousseff, disse neste domingo (16), que a investigação do escândalo da Petrobrás deverá “mudar o país para sempre” porque irá "ser um marco" para a impunidade no Brasil. A declaração foi feita em Brisbane, na Austrália, pouco antes do encerramento oficial da reunião de Cúpula do G20.
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Com informações da correspondente na Ásia, Luiza Duarte.
Luiza Duarte, direto de Brisbane
“Nós tivemos o primeiro escândalo da nossa história investigado. Eu acho que isso pode de fato mudar o país para sempre. Em que sentido? No sentido que vai se acabar com a impunidade”, disse Dilma sobre a sétima fase da operação Lava Jato. “Essa é, para mim, é a principal característica dessa investigação. É mostrar que ela não é algo ‘ingavetável’”, acrescentou a presidente.
“Não é monopólio da Petrobras ser investigada por processos internos de corrupção. A maioria absoluta, ou quase, dos funcionários da Petrobras não é corrupta. Não se pode pegar a Petrobras e condenar a empresa. O que temos que condenar é pessoas e dos dois lados. Os corruptos e os corruptores”, disse a presidente.
“A questão da Petrobrás é simbólica para o Brasil. É a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos. A primeira, e que vai a fundo.”, acrescentou.
A presidente Dilma sugeriu que os vários escândalos que foram divulgados anteriormente no Brasil e que não foram apurados podem ter contribuído para a situação na Petrobras. “Nós podemos listar uma quantidade imensa de escândalos no Brasil que não foram levados a efeito. E talvez sejam esses escândalos que não foram investigados que são responsáveis pelo que aconteceu na Petrobras”, afirmou.
“Gesto elegante dos ministros”
Durante a entrevista coletiva, a presidente Dilma Rousseff também foi questionada sobre a demissão de um grupo de ministros que entregaram seus cargos durante o giro dela pelo exterior.
“Foi um gesto elegante dos ministros. Porque não é necessário colocar o cargo à disposição. Ele está sempre à minha disposição. Essa é a regra do jogo em qualquer país presidencialista”, disse a presidente se recusando a dar detalhes sobre sua futura reforma ministerial.
Sobre as recentes manifestações que pediram a volta do regime militar no Brasil, a presidente disse não concordar com o teor das manifestações, mas não questiona a organização desses protestos.
“O Brasil tem espaço para ter a manifestação que for, mesmo uma que signifique a volta do golpe (militar). Porquê? Porque nós somos hoje, de fato, um país democrático. Reconhecer isso é entender que faz parte da nossa história, hoje, sermos capazes de tolerar inclusive as manifestações mais extremadas. Faz parte. É o que acontece em países democráticos”, concluiu.
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