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Brasil/Argentina

Reaproximação entre EUA e Cuba "é mudança na civilização", diz Dilma na Argentina

Em declaração na Cúpula do Mercosul, a presidente brasileira lembrou que a reaproximação entre EUA e Cuba, anunciada nesta quarta-feira (17) pelos dois países, é "um marco das relações da nossa região, mas sobretudo do mundo." Segundo ela, "o fim do bloqueio e o fato de que Cuba tem hoje condições plenas de conviver na comunidade internacional é algo extremamente relevante para o povo cubano e para toda a América Latina".

Cúpula do Mercosul ocorrerá entre os dias 14 e 18 de dezembro em Paraná na Argentina.
Cúpula do Mercosul ocorrerá entre os dias 14 e 18 de dezembro em Paraná na Argentina. federasur.org.br
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Márcio Resende, enviado especial a Paraná, na Argentina

A presidente Dilma Rousseff também elogiou o papel do Papa Francisco. "Cumprimento o presidente Raúl Castro e o presidente Obama por essas duas confluências de interesses. E também o papa Francisco que parece ter sido o grande fator de aproximação entre os dois", prosseguiu Dilma Rousseff.

Aos jornalistas brasileiros, Dilma Rousseff aproveitou para destacar a importância de o Brasil ter financiado, através do BNDES, a construção em Cuba do Porto de Mariel, alvo de críticas da oposição durante a campanha eleitoral. "O Porto de Mariel mostra hoje a sua importância para toda a região. E para o Brasil na medida em que hoje é estratégico pela sua proximidade com os EUA", lembrou, aproveitando para tirar proveito político da notícia: "Justamente para mim é fantastico".

Homenagem a Pepe Mujica e ao papa Francisco

A histórica retomada do diálogo para normalizar as relações entre Estados Unidos e Cuba depois de 53 anos e a libertação dos três prisioneiros cubanos nos Estados Unidos, assim como a libertação do norte-americano em Cuba, foi recebida com alegria pelos presidentes sul-americanos e rendeu uma ao presidente uruguaio, José "Pepe" Mujica.

O presidente uruguaio tinha anunciado em março que receberia presos de Guantânamo, mas que, em troca, pediria a Washington que libertasse três cubanos, um portorriquenho e que Barack Obama suspendesse o embargo sobre Cuba. Na semana passada, seis ex-prisioneiros chegaram ao Uruguai diretamente da prisão em Cuba e Mujica já tinha dado pistas de que "poderia haver novidades sobre o seu pedido nos próximos dias".

Antes de encerrar o seu discurso na Cúpula do Mercosul na cidade argentina de Paraná, 500 Km ao Norte de Buenos Aires, a presidente brasileira Dilma Rousseff inagurou a homenagem a Mujica, que deixará o cargo em 1 de março.

"Quero manifestar a minha alegria pelo privilégio de tê-lo conhecido e pelo seu convívio. Minha emoção por contar com a sua amizade", disse Dilma Rousseff com lágrimas nos olhos. "Seu legado ultrapassa as fronteiras do Uruguai e da América Latina e será sempre fonte de inspiração para todos nós", concluiu, enquanto Pepe Mujica era aplaudido de pé.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, próximo aos irmãos Castro, referiu-se a Mujica em relação a Cuba: "Estamos muito felizes. É uma vitória da moral, da ética, Pepe. Uma vitória de Fidel (Castro)", disse. Maduro também valorizou a decisão do presidente Barack Obama: "Há que reconhecer o gesto de Obama, um gesto de valentia." "Sopram ventos frescos pelo Caribe e sobre Cuba", indicou Maduro.

Mujica, o grande homenageado e fiel ao seu estilo humilde, não fez discursos sobre o assunto. Em março, explicou por que o Uruguai foi o primeiro país sul-americano a receber presos de Guantânamo."Não fazemos por dinheiro nem por conveniência material, mas por uma questão de princípios", assinalou. A presidente argentina, Cristina Kirchner, destacou a participação do seu conterrâneo no "momento histórico". "Este é um bom presente que fazemos ao Papa no dia do seu aniversário". O Papa Francisco completa hoje 78 anos.
 

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