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Brasil

Protestos anti-Dilma reúnem 1 milhão de pessoas em São Paulo

Segundo um cálculo realizado pela Polícia Militar de São Paulo, cerca de um milhão de pessoas participaram da manifestação na região da avenida Paulista, apesar da chuva que caiu durante parte da tarde. A convocação para as manifestações partiu de grupos com diferentes ideologias, desde os que defendem um Estado mais liberal até aqueles que desejam uma intervenção do Exército. O instituto Datafolha contou 210 mil pessoas nessa manifestação.  

Manifestantes na avenida Paulista em São Paulo.
Manifestantes na avenida Paulista em São Paulo. REUTERS/Paulo Whitaker
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*Da correspondente da RFI em São Paulo, Kênya Zanatta

Os dois principais organizadores do protesto na avenida Paulista foram o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua. O primeiro pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a privatização de estatais. O segundo quer fazer pressão sobre o governo para, por exemplo, agilizar a investigação de escândalos de corrupção.
A maioria dos participantes vestia as cores da bandeira brasileira, e o hino nacional já podia ser ouvido dentro do metrô, a caminho da manifestação. Havia muitas famílias, e o protesto foi em geral organizado e pacífico.

No início da tarde já era quase impossível caminhar na avenida Paulista, e a estação de metrô mais próxima do Museu de Arte de São Paulo, principal ponto de encontro dos manifestantes, foi fechada.

Os grupos organizadores tinham carros de som separados ao longo da avenida, mas os slogans de protesto contra a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o PT eram os mesmos. Cartazes e faixas exprimiam o descontentamento com o atual governo. Além dos gritos de “Fora Dilma” e “Fora PT”, a principal reivindicação dos manifestantes era o fim da corrupção.

Fernanda Vidigal, 35, trabalha no mercado financeiro e foi à avenida Paulista para mandar um recado para a classe política: “Estamos cansados da corrupção e da roubalheira. Não vim pelo impeachment, não sei se seria bom para o Brasil. Dilma foi eleita para um mandato de quatro anos. Mas é preciso mudar! Acho que o Brasil acordou, a questão é se isso terá um impacto sobre nossos políticos.”

Manifestantes defendem apartidarismo

Os organizadores repetiam durante o protesto que não têm ligação com nenhum partido e que não pagaram para que as pessoas participassem, como dizia um boato que circulou nas redes sociais. Eles também tentaram afastar de suas manifestações os defensores de uma intervenção militar, nem sempre com sucesso.

O administrador de empresas Osvaldo Zucoli, 57, segurava um cartaz pedindo intervenção do exército em seis línguas diferentes, “para que a imprensa internacional saiba o que está acontecendo no país”. Segundo ele, o impeachment da presidente Dilma não seria suficiente. “É preciso que o exército intervenha para tirar todos os que estão aí e colocar gente nova.”

O economista Gustavo Holdenberg, 27 anos, reclamou que a mídia só se interessa “por esses malucos”, e fez questão de dizer por que foi ao protesto: “O impeachment não é uma solução a curto prazo, mas é um golpe duro no projeto de poder do PT. Todos os problemas do Brasil vão continuar mesmo que a Dilma caia."
Ele diz acreditar que pedir o impeachment da presidente é uma maneira de mostrar a revolta contra “alguém que foi eleito com uma campanha suja e mentirosa”. “Muita gente aqui não votou nela, muitos outros foram enganados por ela. As pessoas estão protestando por causa disso”, afirmou.

Os protestos deste domingo contra o governo da presidente Dilma Rousseff reuniram ao menos 1,5 milhão de pessoas em todo o Brasil, segundo uma estimativa da Polícia Militar. Em São Paulo, o único incidente importante noticiado foi a prisão de 20 integrantes de um grupo autodenominado “Carecas do Subúrbio”, que carregava rojões, bombas caseiras e soco inglês. 

02:49

REPORTAGEM 15.03

 

 

 

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