Acesso ao principal conteúdo
Cinecittà/greve

Funcionários da Cinecittà mantêm greve contra projeto da direção

Dezenas de funcionários dos estúdios de Cinecittà, em Roma, continuam em greve para protestar contra a terceirização dos serviços e o projeto de construção no local de um parque de atrações, um hotel e um restaurante. Uma iniciativa que suscita a revolta de cineastas do mundo inteiro. Na França, uma petição chegou a ser lançada pedindo o cancelamento do projeto.

Os estúdios Cinnecità podem ser transformados em um parque de atrações
Os estúdios Cinnecità podem ser transformados em um parque de atrações Flickr/sapiamaia
Publicidade

Construídos em 1937 a pedido do ex-ditador facista Benito Mussolini, para competir com os estúdios de Hollywood, a Cinecittà abrigou produções de Fellini, Visconti, Comencini e Lattuada, obras primas como ‘Ben Hur’ e ‘Cleópatra’, e filmes mais recentes, como ‘Gangs de New York’, de Martin Scorsese. A direção defende o projeto, justificando que a mundialização do mercado impõe a modernização da empresa. Uma tese refutada pelos engenheiros de som, figurinistas e cenaristas, que há décadas participam da produção de longas famosos.

Para protestar contra o projeto, muitos estão acampados há mais de 40 dias no teto do complexo cinematográfico para pressionar a direção. É o caso de Fabrizio, que prefere manter seu sobrenome em segredo, chefe de manutenção dos estúdios. ‘’Este é o início do desmantelamento da Cinecittà. Nossos cenógrafos, técnicos e arquitetos, reconhecidos no mundo inteiro, terão que ir para outras empresas. A Itália perderá um símbolo de sua história e tudo isso por conta de um projeto imobiliário especulativo. O verdadeiro problema é que a Itália se transformou em um país pobre culturalmente, e esse país precisa de cultura. Cinecittà é cultura’’, declarou.

Cerca de oito hectares dos estúdios serão utilizados para a implantação do complexo turístico. Para os grevistas, a crise econômica é uma ‘desculpa’ para justificar o projeto,u ma tese considerada como ‘absurda’ pelo chefe dos estúdios da Cinecittà, Luigi Abette, que também é presidente do BNL (Banco Nacional do Trabalho), um dos mais importantes da Itália. Ele adquiriu os estúdios nos anos 90, logo depois de sua privatização. ‘’Se queremos continuar o mercado para atrair produções internacionais, temos que desenvolver nosso serviços, como os outros estúdios’’, declarou Abette em uma entrevista recente.

O engenheiro de som Vieri Martelli critica a mudança ocorrida nos últimos anos, privilegiando a produção de novelas e séries de TV. O cinema, segundo ele, vem sendo preterido principalmente por conta do alto custo que envolve as produções. ‘’Com algumas modificações, poderíamos voltar a ser competitivos. Mas para isso, precisamos de, um chefe que adore cinema”, explica.

Petição na França

Para protestar contra o projeto na Cinecittà, a ARP, organismo francês que reúne autores, diretores e produtores, lançou uma petição on-line em julho pedindo que os estúdios sejam preservados. Segundo o texto, a Cinecittà é considerada como ‘parte do patrimônio cinematográfico mundial’ e deve ser preservada. O documento já foi assinado por Claude Lelouch, Costa-Gavras, Michel Hazanavicius, Cédric Klapisch et Coline Serreau.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.