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França/Arte

Instituto francês censura obra sobre Salman Rushdie

Uma semana depois da sua instalação sobre o Alcorão ser censurada no Festival de Arte Contemporânea de Toulouse, o artista plástico e videasta marroquino Mounir Fatmi sofre uma nova interdição de sua obra, que deveria integrar a exposição ‘’Vinco cinco anos de criatividade árabe.’’ A abertura está prevista para a próxima terça-feira.

O escritor Salman Rushdie, autor de Versos Satânicos
O escritor Salman Rushdie, autor de Versos Satânicos REUTERS/Fred Thornhill
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 "O que me incomoda é o fato dessa censura acontecer na França, em vez do Magreb ou da Arábia Saudita", disse o artista Mounir Fatmi ao jornal francês Le Figaro. A proibição para ele é simbólica, já que Fatmi vive entre Tanger, Paris e Los Angeles justamente para poder "se expressar livremente." Segundo o artista, na França existe uma "crise da fé." A obra de Fatmi, batizada de pasSleep, é inspirada do filme minimalista de Andy Warhol, de 1963, que mostra o poeta John Giorno dormindo, no mesmo plano, durante seis horas.

Na sua instalação, o artista substituiu Giorno por Salman Rushdie, autor dos Versos Satânicos, que é alvo de uma fatwa (decisão baseada na lei islâmica) publicada pelo aiatolá Khomeini, em 1989. O ex-líder iraniano considerou seu livro uma blasfêmia contra o profeta Maomé, e desde então Rushdie é ameaçado de morte. Fatmi se diz ‘escandalizado’ pelo silêncio dos intelectuais árabes sobre o destino de Rushdie ‘’e seu combate pela liberdade de criar.’’ O filme, segundo ele, é uma homenagem ao escritor. Ele também acredita que a censura de sua obra no Insituto do Mundo Árabe, aconteceu por conta da repercussão do filme ‘’A Inocência dos Muçulmanos.’’

Esta não é a primeira obra polêmica de Fatmi. Em 2006, em Veneza, sua obra Gelo de água benta, feita a partir do líquido que ele reciclou nas igrejas, gerou diversos protestos, e ele chegou a receber cartas de alguns fiéis. Ele defendeu sua liberdade de criar a partir de símbolos religiosos. "Essa foi uma experiência para mostrar o limite do sagrado. Quando eu pego a Bíblia, ou o Alcorão, eu tiro esse o livro do contexto sagrado. Os religiosos acham que só eles tem o direito de abrir esses livros",  defende o artista.
 

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