Fotos feitas por crianças de favela carioca participam de festival francês

Visitar um festival de fotojornalismo é como dar voltas ao mundo através das lentes de um fotógrafo. Paisagens magníficas, destruição, conflitos e tragédias humanas. Mas há também momentos singelos, como os da mostra “Olhar de Bom de Bola”, resultado de um projeto de Christophe Simon, editor-chefe de fotografia da sucursal da Agência France Presse, no Rio de Janeiro. Com noções básicas de fotografia e uma câmera na mão, crianças da favela Cidade de Deus saíram pelas ruas do Rio para fotografar a paixão pelo futebol.

Foto de adolescente da Cidade de Deus, em exibição no Festival VISA pour l'Image, em Perpignan, sul da França. Danielo/AFP

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Reportagem Perpignan

entado no festival Visa pour l’Image, em Perpignan, a 850 km ao sul de Paris, o maior evento do gênero no mundo. “Quem diria?”, diz Simon. Ele conta que a ideia surgiu em 2011, quando ele completou 50 anos e veio a vontade de compartilhar sua paixão pela fotografia. Depois de registrar várias operações de pacificação de comunidades antes da Copa, ele decidiu que queria trabalhar com crianças de favela.

Simon contou com dois aliados de peso: o fotógrafo Tony Barros, da própria comunidade, e a francesa Nadine Gonzalez, fundadora da ONG Modafusion, uma escola de moda gratuita na favela. As crianças receberam aulas básicas de luz e enquadramento e a Nikon forneceu dez câmeras pequenas. “Eram todos muito educados e empenhados, foi uma experiência surpreendente e com resultados fantásticos, tanto que estamos aqui, em Perpignan”, diz Simon, com orgulho de professor de aluno nota dez.

Sonho olímpico

O projeto não pára por ai. As aulas improvisadas vão virar escola, com três grupos, a partir de outubro. Christophe Simon espera formar vários mini fotojornalistas e até fazer com que um deles acompanhe um fotojornalista da AFP nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.