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Reino Unido/Recessão

Reino Unido entra em recessão, apesar de política de austeridade

Pelo segundo trimestre consecutivo o PIB (Produto Interno Bruto) britânico registrou queda, o que confirma que o Reino Unido está oficialmente mergulhado numa recessão econômica. A estagnação das contas britânicas confirma a degradação do país, que já perdeu o lugar de sexta maior economia mundial para o Brasil.

As vendas do país da libra para a zona do euro representam 50% das exportações britânicas.
As vendas do país da libra para a zona do euro representam 50% das exportações britânicas. Flickr/Ligia R. Delgado
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A maioria dos analistas esperava um pequeno avanço da economia britânica. De janeiro a março, as finanças do país apresentaram um resultado negativo de 0,2%, após o mau desempenho do PIB nos últimos três meses de 2011, com contração de 0,3%.

O progresso não somente foi descartado nesta quarta-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS), como também comprovou que as atividades de setores como a indústria e a construção civil estão em queda livre. Para economistas do banco HSBC, o resultado negativo do PIB pelo segundo trimestre consecutivo pode ilustrar um problema ainda maior: os especialistas temem que a economia do Reino Unido estaria estagnada desde 2010, apesar de apresentar somente agora os primeiros sinais de recessão dos últimos quatro anos.

Razões para a recessão

A inflação em torno de 3,5%, a falta de crédito para as empresas, além do fraco crescimento do poder aquisitivo dos britânicos e a taxa de desemprego de 8,3% da população economicamente ativa seriam alguns dos principais fatores para o mau comportamento das finanças britânicas nos últimos meses. Apesar do plano de austeridade proposto pelo governo, a economia não consegue se reerguer porque a zona do euro, principal cliente do Reino Unido, ainda continua sofrendo com a crise financeira e orçamentária que afeta os países do grupo. As vendas para a zona representam 50% das exportações britânicas.

No final de 2010, o governo de David Cameron anunciou medidas para o plano de austeridade, como a injeção de 50 bilhões de libras (151 bilhões de reais) na economia, por meio dos bancos, além de cortes nos gastos públicos. O objetivo é reduzir em cinco anos praticamente todo o déficit orçamentário do país, que atinge atualmente 11,5% do PIB, um dos mais elevados da União Européia. Apesar do anúncio oficial da recessão britânica, o plano de austeridade será mantido. “A única coisa que agravaria ainda mais essa situação seria abandonar nosso programa de austeridade, que tem credibilidade, e aumentar deliberadamente nosso déficit público e criar ainda mais dívidas”, disse o ministro de finanças britânico, George Osborne.

Por causa do anúncio oficial de recessão do Reino-Unido, a libra esterlina está cotada em baixa no mercado financeiro. A moeda britânica vale no início da tarde desta quarta-feira, 81,97 centavos para um euro. O nível mais baixo desde agosto de 2010.

PIB do Brasil ultrapassa Reino Unido

Essa estagnação do PIB poderia explicar porque o Reino Unido foi ultrapassado no final de 2011 pelo Brasil e deixou de ser a sexta maior economia do mundo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento de 3% do PIB brasileiro em 2012, o equivalente a 2,5 trilhões de dólares. A soma das riquezas da Grã-Bretanha expandiu 0,8%, em torno dos 2,4 trilhões de dólares.

Apesar dos avanços da economia brasileira, especialistas estimam quem o Reino Unido voltará a ser a sexta economia mundial no final de 2012, em razão da depreciação do real frente ao dólar e a valorização da libra em relação à moeda norte-americana. Além disso, os britânicos ainda apresentam PIB per capita anual (a soma das riquezas dividida por habitante), mais elevado que o Brasil. Enquanto o PIB per capita anual de cada brasileiro é, em média, de 17 mil reais, o dos britânicos é de 67 mil reais por ano.
 

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