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Economia/ aviação

Duas quedas de aviões em quatro meses podem acabar com Malaysia Airlines

A segunda tragédia envolvendo a Malaysia Airlines (MAS) em quatro meses aprofundará a diminuição das suas vendas de passagens, que já estava crítica, e forçará o governo a acelerar os projetos para salvar a companhia aérea, de acordo com especialistas.

Frota dos aviões da Malaysia Airlines no aeroporto de Kuala Lumpur, 21 de julho de 2014.
Frota dos aviões da Malaysia Airlines no aeroporto de Kuala Lumpur, 21 de julho de 2014. REUTERS/Edgar Su
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Em março, o voo MH370 desapareceu dos radares e até hoje não foi encontrado. O Boeing 777 levava 239 pessoas a bordo. O mistério acentuou a crise na Malaysia Airlines, que, de janeiro a março, havia registrado o maior prejuízo em dois anos.

Agora, outra aeronave idêntica da companhia foi abatida sobre o território controlado por separatistas perto da fronteira da Ucrânia com a Rússia, matando todas as 298 pessoas a bordo. Conforme especialistas, os dois acidentes vão acentuar a situação econômica delicada em que a MAS já se encontrava. Em 2013, a empresa registrou um prejuízo de € 1,17 bilhão, devido a uma forte interferência do governo e a falta de modernização na gestão da companhia, além de um número muito elevado de funcionários.

De acordo com a agência de notícias Reuters, a primeira reação do investidor estatal Khazanah Nacional, que detém 69% da empresa, deve ser fechar o capital da MAS, o primeiro passo de uma grande reestruturação. "Mesmo que isso seja a mais pura coincidência, nunca aconteceu na história da aviação que uma única empresa aérea tivesse dois aviões de corredor duplo desaparecendo em poucos meses", disse Bertrand Grabowski, diretor-gerente do DVB Bank, especialista em aviação, que presta serviços bancários à Malaysia Airlines.

"O apoio do governo precisa ser mais explícito e talvez mais intenso", avaliou Grabowski. Em uma coletiva de imprensa em Kuala Lumpur na última sexta-feira (18), as autoridades do país não quiseram responder a qualquer pergunta sobre o futuro da Malaysia Airlines.

“Como não há precedentes, é difícil de nos apoiarmos no passado para tentar analisar qual é a capacidade da companhia de se recuperar”, observa Mohshin Aziz, analista do Maybank Investment Bank, à agência de notícias Dow Jones.

Em entrevista à emissora France 24, o especialista em transportes da Toulouse School of Economics Marc Ivaldi acha que a dupla tragédia “vai tornar a situação da Malaysia Airlines muito difícil”. Desde o acidente, na quinta-feira, as ações da companhia acentuaram a queda nos mercados: na sexta, perderam 11% do valor.

Fatores emocionais

Ivaldi afirma que os mercados “não são perfeitamente racionais” e não consideram que “estatisticamente, há eventos que não têm nenhuma ou quase nenhuma chance de acontecer, como dois grandes acidentes em alguns meses”. O especialista avalia que as primeiras reações, mesmo as econômicas, sempre têm uma dose emocional.

“Na cabeça de todo mundo, haverá pensamentos como ‘essa companhia dá azar’ ou ‘quem teve dois, pode ter três acidentes’. E isso pode ter consequências econômicas”, destaca.

Por enquanto, a empresa tenta reconquistar a confiança dos clientes através de ações como oferecer o reembolso das passagens de quem não quiser viajar pela MAS na próxima semana. Três dias após a queda do voo MH17, também disponibilizou US$ 5 mil para cada família de cada vítima.

História

A empresa foi criada em outubro de 1937 com o nome de Malayan Airways Limited (MAL), para operar voos entre Penang e Cingapura. Em 2 de abril de 1947, teve seu primeiro voo comercial. Em menos de uma década, passou a oferecer trajetos internacionais.

Atualmente, transporta cerca de 37 mil passageiros diariamente para 80 destinos no mundo, segundo dados divulgados em seu site. A frota da empresa é composta por 151 aviões, incluindo os modelos superjumbo Airbus A380, Airbus A333 e Boeing 777 para voos de longa distância e Boeing 737-800 para voos domésticos e regionais.
 

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