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França/ Economia

Abalo na imagem da Air France pode ser o pior prejuízo da greve

A mais longa greve da história da Air France tem um impacto não apenas financeiro para a empresa, como prejudica ainda mais a imagem da companhia aérea, afetada pelo acidente entre Rio de Janeiro e Paris, em 2009. A paralisação durou 14 dias e se encerrou neste domingo (28), sem acordo entre a direção do grupo e os sindicatos de pilotos.

Fim da greve dos pilotos da Air France foi anunciada no domingo (28), 14º dia de paralisação.
Fim da greve dos pilotos da Air France foi anunciada no domingo (28), 14º dia de paralisação. REUTERS/Patrice Masante
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Cada dia de paralisação das atividades custou de € 15 a 20 milhões (R$ 47 a 62 milhões) para a Air France. No total, o prejuízo pode chegar a € 280 milhões (R$ 880 milhões), sem contar as indenizações para os passageiros, que vão salgar ainda mais a conta. Com este valor, seria possível comprar três Boeings 737 novos.

Mas, ao fim de duas semanas de conflito interno, a maior preocupação da Air France é em termos de imagem. Diante do rombo no caixa, que tinha registrado em 2013 o primeiro balanço positivo em muitos anos, a Air France-KLM terá de emitir um alerta sobre os resultados de 2014, um sinal negativo para os investidores. Desde o início do conflito, o valor dos títulos do grupo franco-holandês caiu 15%.

O desenvolvimento da companhia de baixo custo do grupo, a Transavia, é um ponto-chave na estratégia de crescimento da empresa, que tem sofrido com a concorrência dos voos mais baratos, muito comuns na Europa. O projeto tinha sido apresentado no dia 11 de setembro e foi bem recebido pelos investidores e especialistas em transporte aéreo.

Futuro incerto

A direção do grupo avalia o crescimento da Transavia como vital para voltar a ganhar mercados. Mas o sindicato majoritário dos pilotos da empresa protesta contra o plano, uma situação que prejudica a credibilidade da Air France. O projeto de expansão da Transavia Europa acabou abandonado, pelo menos por enquanto. Apenas a Transavia França vai continuar se desenvolvendo, uma estratégia que deve abrir 1.000 empregos no país, dentre os quais 250 para pilotos, afirma a direção. Mesmo assim, o selo de uma companhia refém dos sindicatos e incapaz de se adaptar às mudanças no setor pode levar tempo para se descolar da Air France.

Depois do acidente com o voo AF-447, entre o Rio de Janeiro e Paris, a companhia foi obrigada a fazer um grande esforço até reconquistar a confiança dos clientes, ao mesmo tempo em que as contas já estavam no vermelho. Agora, os transtornos gerados aos passageiros em decorrência da greve vão, mais uma vez, afetar a relação com a clientela.

Cerca de 60% dos voos foram atingidos diariamente, com de 60 a 70 mil passageiros prejudicados a cada dia de paralisação. Na semana passada, uma pesquisa mostrou que 69% dos franceses se opunham à greve dos pilotos, considerada “abusiva”.

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