BCE inicia polêmico programa de compra de dívidas
O Banco Central Europeu (BCE) lançou nesta quinta-feira (22) o programa de compra de títulos governamentais que irá injetar bilhões de euros na economia da zona do euro. A instituição informou que comprará bônus de governos a partir de março até o fim de setembro de 2016, apesar da oposição do Banco Central alemão.
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Berlim teme que a medida diminua a pressão para que os países endividados implementem reformas econômicas. O novo programa de "quantitative easing" injetará 60 bilhões de euros por mês na economia, anunciou o presidente do BCE, Mario Draghi. Até setembro do próximo ano, mais de 1 trilhão de euros terão sido gerados.
"As compras devem ser realizadas até o final de setembro de 2016 e serão conduzidas até vermos um ajuste sustentável no ritmo da inflação", explicou Draghi.
Os bancos centrais de Japão e Grã-Bretanha e os Estados Unidos já recorreram a este tipo de medida de "expansão quantitativa". Draghi afirmou que poderão ser comprados títulos de governos da zona do euro que tenham grau de investimento, títulos de agências e de instituições da União Europeia.
Risco de deflação
As medidas adotadas até agora na Europa - taxas historicamente baixas, empréstimos colossais aos bancos europeus, compra de alguns ativos financeiros - não foram suficientes para recuperar a dinâmica dos preços no bloco. Em dezembro, a inflação na zona do euro passou para índices negativos (-0,2%) pela primeira vez desde 2009.
Embora a queda dos preços do petróleo tenha influenciado a situação, a inflação subjacente (sem contar a alimentação e a energia), de 0,7% no mês passado, segue muito baixa em relação à meta do BCE, de cerca de 2%. A deflação, espiral em baixa prolongada dos preços e dos salários, é um risco que atormenta a Europa há meses.
Com o anúncio da decisão, o euro caiu, as ações europeias saltaram e os rendimentos de títulos na Itália, Espanha e Portugal diminuíram. Draghi informou que 20% das compras de ativos ficarão sujeitas a compartilhamento de risco, sugerindo que a maior parte de qualquer perda potencial ficará nas mãos de bancos centrais nacionais.
O BCE também manteve sua principal taxa de juros, que determina o custo do crédito na economia, em 0,05%.
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