Acesso ao principal conteúdo
Grécia/ economia

Premiê grego diz que país renuncia à austeridade, não a dificuldades

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou neste sábado (21) que o acordo fechado na véspera com a União Europeia sobre a permanência da ajuda financeira internacional ao país significa “o abandono da austeridade”. O premiê ressaltou, entretanto, que isso não representa o fim das dificuldades no país.

Yanis Varoufakis (e), ministro das Finanças grego, e o premiê Alexis Tsipras (d), no Parlamento de Atenas, em 18 de fevereiro.
Yanis Varoufakis (e), ministro das Finanças grego, e o premiê Alexis Tsipras (d), no Parlamento de Atenas, em 18 de fevereiro. REUTERS/Alkis Konstantinidis
Publicidade

“Ontem, nós demos um passo decisivo, ao abandonar a austeridade, os planos de resgate e a troika”, disse Tsipras, em um pronunciamento na televisão. “Nós ganhamos uma batalha, mas não a guerra. As verdadeiras dificuldades estão diante de nós.”

O líder de extrema-esquerda insistiu que evitou ser "estrangulado" pela zona do euro e concordou em princípio em estender o acordo de socorro financeiro com o país. Ele destacou que o acerto feito em Bruxelas deve acalmar os gregos que temem a instalação de controles de capital, como uma prévia para a saída do país do euro. O movimento de retirada de grandes somas dos bancos gregos se acelerou nos últimos dias.

Depois de negociações difíceis, a Grécia assegurou uma extensão de quatro meses do financiamento da zona do euro, o que vai evitar a quebra do país, desde que o governo grego apresente promessas de reformas econômicas na segunda-feira (23). "Ganhamos tempo", disse Gabriel Sakellaridis, porta-voz do governo.

Corrida aos bancos

Cerca de € 1 bilhão deixaram contas bancárias gregas na sexta-feira, segundo um importante banqueiro informou à agência de notícias Reuters. Os correntistas temiam que as negociações fracassassem e Atenas pudesse ter que impedir as retiradas bancárias ou preparar a retomada da moeda nacional.

O valor se soma a estimados € 20 bilhões de euros que os gregos retiraram dos bancos desde dezembro, quando se tornou claro que a o partido radical Syriza, de Tsipras, ganharia as eleições legislativas do mês passado. Diante do risco de uma corrida caótica aos bancos na próxima semana, o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, enfatizou que o acordo deve acalmar os poupadores.

"Está bem claro que a razão pela qual tivemos uma retirada de depósitos foi o fato de que todos os dias, mesmo antes de sermos eleitos, os gregos têm ouvido que se ganhássemos e permanecêssemos no poder por mais do que alguns dias, os caixas eletrônicos deixariam de funcionar", afirmou ele à imprensa em Bruxelas. "A decisão coloca um fim a esse medo, a esse alarmismo." Buscando acalmar os gregos preocupados com o feriado de segunda-feira, uma fonte do Banco Central Europeu afirmou que controles de capital estavam fora de cogitação.

Primeiros passos no comando

Atenas concordou com uma extensão do resgate que o novo governo prometia cancelar e aceitou o monitoramento pela odiada "troika", formada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. O porta-voz Sakellaridis declarou que o acordo, que depende de os ministros da zona do euro aceitarem os planos de reforma gregos na segunda-feira, é somente o primeiro passo.

Ele também admitiu a dificuldade de um governo tão recente em negociar com os ministros europeus pesos-pesados. "Estas últimas três semanas foram duras para o novo governo que, não vamos nos enganar, não tem uma experiência relevante”, disse. "A batalha de fato começa agora", acrescentou.

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, afirmou que os políticos gregos, acostumados a fazer oposição, tiveram que acordar para as exigências de ser governo. "Estar no governo é um encontro com a realidade, e a realidade não é frequentemente um lugar tão bom quando um sonho", declarou. "Os gregos certamente terão um período difícil para explicar o acordo para os seus eleitores."
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.