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França/ Economia

Banco Société Générale sabia de abusos de ex-trader, garante jornal

Sete anos depois do chamado caso Kerviel, em que um trader do banco Société Générale fez operações que resultaram em um prejuízo de € 4,9 bilhões à instituição, uma nova revelação da imprensa francesa questiona o veredicto da justiça. Segundo a comandante de polícia que coordenou as investigações do caso, o banco sabia das práticas do funcionário – ao contrário do que alegou durante todo o processo.  

Responsável sobre investigações jurídicas sobre caso Kerviel disse a um juiz que o banco francês conhecia as operações de seu ex-corretor da bolsa.
Responsável sobre investigações jurídicas sobre caso Kerviel disse a um juiz que o banco francês conhecia as operações de seu ex-corretor da bolsa. REUTERS/Philippe Wojazer/ Benoit Tessier
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O site Mediapart afirma que as revelações transformam o "affaire Kerviel" em “escândalo da Société Généralé”. A um juiz que recolhe elementos para julgar uma queixa prestada pelo ex-trader, a comandante Nathalie Roy disse ter certeza de que uma parte da direção do banco “não poderia ignorar” as práticas do ex-funcionário, reveladas em 2008. As operações realizadas por Kerviel se tornaram um dos símbolos dos abusos nos mercados financeiros, no auge da crise.

Desde a publicação das denúncias, diversas personalidades e políticos franceses pediram um novo julgamento. O deputado socialista solicitou a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o assunto. Nesta segunda-feira (18), o Ministério da Justiça da França rejeitou os pedidos pela revisão do processo. Um porta-voz disse que “é preciso deixar todo o procedimento ir até o fim”.

A ex-oficial Nathalie Le Roy é uma policial respeitada da brigada de crimes financeiros. Ela fez as declarações em abril, durante uma audiência de uma nova investigação, aberta em 2014. “Durante análise dos diferentes depoimentos e documentos que pude ter em mãos, tive a sensação e, depois, a certeza de que os superiores de Jérôme Kerviel não poderiam ignorar as posições tomadas por ele”, teria dito Le Roy ao juiz parisiense, segundo a publicação.

Depoimento de outro funcionário

A policial teria evocado o testemunho de um ex-funcionário do banco, que teria confirmado as suspeitas. O ex-empregado trabalhava no setor de “riscos operacionais” da instituição e garantiu que “a atividade de Jérôme Kerviel era conhecida”. Ele disse ter alertado vários dirigentes do banco, em 2007. Em um email, afirmou ter sinalizado a urgência do conteúdo das mensagens enviadas, para chamar a atenção dos chefes.

O Société Générale, que processou Kerviel pelos prejuízos gerados e tinha como principal argumento o desconhecimento das suas práticas, declarou estar “surpreso” com as revelações. O banco sublinhou que a justiça francesa reconheceu, em diversas ocasiões, “a culpa penal exclusiva” do ex-trader. Em um comunicado, a instituição ressaltou que o próprio ex-funcionário “declarou aos policiais que tinha agido sozinho e sem o conhecimento de seus superiores”.

Kerviel foi condenado a cinco anos de prisão, dos quais três em regime fechado, por abuso de confiança, manipulação informática e fraude. Ele sempre sustentou que o banco não poderia ignorar as manipulações financeiras que ele fazia. Entretanto, admite que agiu sozinho.
 

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