Movimento dos indignados faz um ano e espanhóis voltam às ruas
Um ano depois de tomar as praças da Espanha em manifestações e acampamentos, o chamado movimento dos indignados voltou às ruas neste sábado para celebrar seu primeiro aniversário. Surgido em maior de 2011 durante protestos que antecederam as eleições internas da Espanha, o movimento cresceu e inspirou iniciativas no resto do mundo, como o Ocupe Wall Street de Nova York.
Publicado a:
Luísa Belchior, correspondente em Madri
Neste sábado, a Porta do Sol ficou completamente lotada, e algumas pessoas tiveram inclusive que deixar a zona por causa do excesso de gente. A polícia estima em pelo menos 300 mil o número de manifestantes. Em Barcelona, os protestos reuniram 45 mil pessoas.
Este ano, o foco dos protestos foi a política de ajuste que vem sendo implementada pelo governo conservador de Mariano Rajoy. Em Madri, manifestantes carregavam cartazes com dizeres também contra a reforma trabalhista de Rajoy e as subvenções aos bancos.
O grupo pretende permanecer acampado na Porta do Sol até terça-feira, apesar da proibição do governo. Eles querem mostrar que, um ano depois, o movimento continua vivo.
Ao longo do ano, os indignados deixaram os acampamentos e as manifestações para se reunir em assembleias semanais espalhadas pelos bairros de Madri. Nelas, discutem medidas desde a construção de bibliotecas a modelos de política alternativos.
Um site criado pelo grupo _tomalaplaza.net_ aglutina todas as atividades que acontecem nas assembleias de cada bairro de 51 cidades espanhola. O conteúdo vai sendo alimentado pelos responsáveis das assembleias, que acontecem semanalmente.
Mas uma das principais ações do grupo até agora tem sido a de impedir ações de despejo de pessoas endividas que não conseguem pagar suas hipotecas. No dia programado para o desalojo das famílias, membros do grupo ocupam a entrada da casa para impedir a ação. Até o fim de 2011, o grupo afirmou ter conseguido impedir 180 ordens de despejo em toda a Espanha.
Os indignados surgiram em maio de 2011, quando manifestantes decidiram acampar na Porta do Sol no fim de um protesto uma semana antes das eleições internas da Espanha em Madri. O grupo foi ganhando adesões e, ao fim de uma semana, as principais praças do país estavam ocupadas com acampamentos e protestos.
Durante dois meses, os “indignados” ficaram acampados na praça madrilenha. O acampamento com uma ordem de retirada executada pela polícia dias antes de uma visita do Papa Bento 16 à capital espanhola para um encontro da juventude católica. Na época, os indignados voltaram às ruas, e houve enfrentamento entre participantes da manifestação com uma marcha dos jovens religiosos.
Hoje, um dos desafios dos “indignados” é sobreviver à crise e ao novo governo conservador da Espanha, mais hostil ao movimento que a gestão passada, socialista. Tudo isso somado ao desemprego juvenil ainda mais alta que ano passado _50,5% da população entre 18 e 25 anos.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro