Recessão na Grã-Bretanha obriga governo a rever plano de rigor
A pressão aumentou para que o primeiro-ministro David Cameron abandone sua política de austeridade e adote medidas para promover o crescimento após a confirmação de que a economia do país entrou em recessão com o recuo de 0,3% do PIB no primeiro trimestre do ano.
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A contração da economia nos três primeiros meses do ano foi maior do que a previsão de recuo de 0,2%, especialmente devido a morosidade no setor da construção civil. A queda do Produto Interno por dois trimestres consecutivos configura a entrada de um país em recessão.
“ A situação continua a piorar”, disse um analista do banco HSBC para a agência de notícias AFP.
A volta à recessão é um golpe duro para o primeiro-ministro conservador David Cameron que assumiu o governo há dois anos e enfrenta as mesmas turbulências econômicas que seus vizinhos europeus. Cameron responsabiliza seus parceiros de bloco pelo recuo da economia britânica já que quase a metade das trocas do país são feitas com os integrantes da zona do euro.
Na reunião informal com os líderes dos 27 países da União Europeia, em Bruxelas, Cameron voltou a criticar as dificuldades dos dirigentes europeus para tomar ações concretas e decisivas, especialmente no caso da Grécia.
Por outro lado, o premiê insistiu que não é possível voltar atrás na política de austeridade para redução das despesas públicas que, segundo ele, permitiu que o país não enfrentasse a mesma situação dos gregos.
A oposição acusa David Cameron de “se esconder por trás da crise da zona do euro” para justificar o fracasso de seu plano de rigor que teria colocado a economia do país “de joelhos”, sem melhorar o estado das finanças públicas como esperado.
A imprensa britânica afirma que duas situações recentes devem fazer David Cameron mudar de direção: a eleição na França do socialista François Hollande, que impôs na Europa o debate sobre crescimento, e as advertências veladas feitas recentemente pelo Fundo Monetário Internacional.
Em uma visita na terça-feira, em Londres, a diretora-gerente do FMI elogiou os esforços do governo para combater os déficits mas lançou um alerta para a necessidade de uma mudança rápida de tática para evitar uma estagnação longa da economia.
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