Italianos e portugueses protestam contra austeridade
Milhares de pessoas protestaram hoje contra a austeridade econômica em Portugal e na Itália, países afetados pela crise na zona do euro. Os manifestantes reclamam do empobrecimento da população devido os cortes realizados para reordenar as contas públicas.
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Enquanto uma passeata era realizada em Roma, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, afirmou que a Itália “está novamente flertando com o desastre econômico”. "Nós já saímos da beira do precipício, mas o buraco agora está aumentando e pode nos engolir. Nós estamos novamente em crise", declarou Monti em uma cerimônia de inauguração perto de Milão.
As políticas do premiê vêm sendo o foco de repetidas críticas dos três principais sindicados da Itália, que neste sábado promoveram uma marcha e criticaram o governo em discursos na Praça do Povo, em Roma. Os organizadores estimaram em 200 mil o número de participantes da passeata, pedindo ao governo para não reduzir os benefícios sociais para conter o déficit do país.
Monti chegou o poder em novembro, assumindo o lugar do desacreditado primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e aprovou um duro pacote de medidas de austeridade para tentar restabelecer a confiança dos investidores num momento em que o país, mergulhado na recessão, se encontrava à beira de um colapso no estilo do que ocorreu com a Grécia.
As medidas, incluindo 24 bilhões de euros em novos impostos somente para este ano, levaram à queda do custo das dívidas italianas por um certo período. Mas o pacote de ajuda aos bancos da Espanha e a perspectiva de a Grécia sair do euro fizeram com que os juros dos títulos básicos italianos de 10 anos alcançassem novamente um pico, acima dos 6%, nos últimos dias. Os juros a 7% resultaram em pacotes de resgate para Grécia, Portugal e Irlanda.
Enquanto isso, a austeridade combinada com uma reforma no mercado de trabalho, vista como uma ameaça aos trabalhadores de período integral, levou à queda na aprovação do governo Monti, de 71%, quando assumiu o cargo, para 33%, segundo divulgou o instituto SWG na sexta-feira.
Reforma do Trabalho revolta portugueses
Cenário semelhante se encontra em Portugal, onde dezenas de milhares de pessoas marcharam neste sábado nas ruas de Lisboa a pedido da CGTP, principal confederação sindical portuguesa, para protestar contra a austeridade do governo de centro-direita do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Sob ajuda financeira internacional, o país está submetido ao controle da União Europeia e do FMI.
Na semana passada, pela mesma razão, 30 mil manifestantes já haviam tomado as ruas de Porto, no norte do país. Apelando à mobilização “contra a exploração e o empobrecimento”, os sindicatos se opõem à reforma do Código do Trabalho, adotada no início de maio pelo Parlamento. As mudanças relaxam as regras para a carga horária dos trabalhadores e as demissões, além de reduzir dias de folga e eliminar feriados.
A reforma era prevista no plano de rigor exigido pela União Europeia e o FMI em troca de uma ajuda de 78 bilhões de euros para o país. A UGT, segunda maior central sindical portuguesa e mais moderada, deu aval ao plano, causando uma divisão no movimento sindical.
Neste ano, o país deve registrar uma recessão de 3% do PIB e uma taxa de desemprego recorde de 15,5%
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