Rajoy nega denúncias e diz que não renuncia
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, negou hoje ter recebido “dinheiro sujo” e anunciou que vai publicar a sua declaração de impostos, em resposta a acusações, publicadas na imprensa espanhola, de que teria se beneficiado de um esquema de caixa dois. O premiê disse que não vai renunciar ao cargo.
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“Eu jamais recebi dinheiro não-declarado”, declarou Rajoy em frente à direção do Partido Popular, do qual ele é presidente. “Se alguns imaginam que, diante do assédio, eu vou me esquivar ou abandonar a tarefa que os espanhois me delegaram, eu faço questão de dizer-lhes que eles se enganam.”
O escândalo provocou uma onda de indignação no país, afetado por uma grave crise econômica. O nome de Rajoy apareceu em uma reportagem publicada no jornal El Pais, que relata um esquema de caixa dois para diversos membros do seu partido, durante anos.
Segundo o jornal, que baseia as informações em supostos documentos contábeis estabelecidos por dois ex-assessores do PP, Álvaro Lapuerta e Luis Bárcenas, Rajoy teria recebido entre 1997 e 2008 "pagamentos trimestrais ou semestrais que somavam 25.200 euros ao ano". Os casos de corrupção em administrações locais e regionais se multiplicam na Espanha, e agora atingem a o governo nacional do país.
Desde quinta-feira, manifestantes protestam em frente à sede do Partido Popular, em Madri, e pedem a demissão do primeiro-ministro. Novas manifestações, convocadas através das redes sociais, ocorreram neste sábado, enquanto Rajoy se defendia das acusações. Nesta manhã, um abaixo-assinado online a favor da saída do premiê alcançou 630 mil assinaturas. Originário da Galícia, Rajoy assumiu o governo espanhol no final de 2011, sucedendo os socialistas.
O escândalo se iniciou no dia 18 de janeiro, quando o jornal El Mundo publicou uma matéria afirmando que Luis Barcenas, ex-tesoureiro do PP, havia distribuído durante mais de 20 anos envelopes contendo entre 5 e 15 mil euros para dirigentes do partido, provenientes de empresas privadas. O diário afirmou, entretanto, que Rajoy não havia se beneficiado do esquema e havia ordenado o fim dos pagamentos em 2009.
Porém na quinta-feira, o El Pais, de centro-esquerda, publicou fotos de contas manuscritas onde se lia o nome do atual premiê. Outros nomes citados no documento são o de Rodrigo Rato, ex-presidente do banco Bankia, e Dolores de Cospedal, braço-direito de Rajoy.
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