Berlusconi quer comprar italianos ao propor restituição de impostos, diz Monti

Silvio Berlusconi está tentando comprar os italianos ao prometer em sua campanha eleitoral restituir valores pagos pelos contribuintes por uma taxa de habitação impopular. A acusação foi feita nesta segunda-feira pelo chefe de governo Mario Monti, adversário de Berlusconi nas eleições legislativas no final do mês.

Silvio Berlusconi durante uma entrevista coletiva em Rome, no dia 12 de dezembro de 2012. AFP/ALBERTO PIZZOLI

Berlusconi anunciou neste domingo, durante uma visita a um Salão em Milão, no norte do país, que se sair vitorioso da votação irá restituir o dinheiro pago pelos italianos em 2012 por um imposto de residência principal já a partir da primeira reunião de seu eventual futuro Conselho de Ministros.

“É uma tentativa simpática de corrupção. Eu compro seu voto com dinheiro e este dinheiro é dos cidadãos”, comentou Mario Monti ironicamente na rádio RTL.

No mesmo tom, Monti demonstrou a incoerência das promessas fitas pelo seu rival de centro direita: “Sou mais imbecil ainda porque eu decidi aplicar aumentos de impostos já adotados anteriormente”, observou, respondendo às alegações de Berlusconi de que “qualquer imbecil seria capaz de aumentar impostos”.

Mario Monti alertou mais uma vez que “se a comunidade financeira internacional avaliar o programa de Berlusconi, haverá um risco de aumento na taxa de juros”, em detrimento da economia italiana.

Berlusconi, que dirigiu a Itália entre 2001 e 2006 e de 2008 à novembro de 2011,  já havia prometido suprimir o imposto sobre a residência principal em um eventual retorno ao poder na Itália.

As sondagens apontam uma derrota de Berlusconi nas eleições legislativas marcadas para os dias 24 e 25 de fevereiro, mas a diferença de votos vem diminuindo em relação à coalizão de centro esquerda liderada por Monti.

Giulio Tremonti, ex-ministro de Economia e Finanças de Silvio Berlusconi, criticou a proposta do ex-premiê, estimando que "os problemas das finanças públicas do país", não permitem tal promessa.

"Independentemente de quem vencer as eleições, ele deverá encontrar solução para economizar 14 bilhões de euros do orçamento para respeitar os compromissos externos do país”, afirmou Tremonti. O ex-ministro disse que suprimir o imposto e reembolsar os italianos que já pagaram a taxa traria um cenário “muito complicado”.