Renúncia do Papa ofusca campanha eleitoral italiana

A renúncia do Papa está repercutindo diretamente na campanha eleitoral italiana, que ficou em segundo plano na mídia. O único beneficiado seria o chefe de governo Mario Monti, que tem um encontro com o pontíficie neste sábado. 

O chefe do governo italiano, Mario Monti. REUTERS/Tony Gentile

Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Os italianos vivem em clima de eleições. Além da escolha do próximo Papa, que acontece em março, o país se prepara para o pleito dos dias 24 e 25 de fevereiro, que escolherá os novos representantes do governo e do Parlamento. Mas a renúncia de Bento 16 acabou ofuscando a campanha dos políticos. As notícias sobre o Vaticano invadiram a mídia italiana, deixando em segundo plano as batalhas e insultos entre os candidatos. Segundo alguns analistas, curiosamente o principal prejudicado foi Silvio Berlusconi.

O ex-primeiro ministro vinha se aproximando nas pesquisas do líder da coalizão de centro-esquerda Pier Luigi Bersnani, que nos últimos meses é tido como favorito. Berlusconi tem conduzido uma campanha agressiva contra seus rivais, prometendo menos impostos. Ele disse que se for eleito, vai perdoar os sonegadores, com uma medida totalmente contrária à política de austeridade aplicada pelo atual governo do professor Mario Monti.

Depois de ter sido chamado para socorrer a economia italiana, à frente de um governo transitório, composto por tecnocratas, Monti resolveu entrar na política e se candidatar a primeiro- ministro, formando um partido moderado chamado “Escolha Cívica”. Monti talvez seja o único político que possa beneficiar do furacão midiático em torno da demissão do Papa, já que o pontíficie vai recebê-lo em audiência particular no próximo sábado. Segundo as pesquisas, Monti contaria com 15% da preferência dos eleitores.