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Portugal/Crise

Crise política em Portugal provoca queda de bolsas europeias

A tempestade política em Portugal suscitou o temor de que a política de austeridade imposta por seus parceiros europeus e pelo mercado fracasse, provocando uma nova crise na zona do euro. As principais bolsas europeias encerraram suas atividades no vermelho. Em Lisboa a queda foi de 5,31%.

Mensagem em muro de Lisboa pede demissão do governo conservador nesta quarta-feira, 3 de julho de 2013.
Mensagem em muro de Lisboa pede demissão do governo conservador nesta quarta-feira, 3 de julho de 2013. Reuters
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"A situação deve ser esclarecida o mais rápido possível", afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Ele apelou para "o senso de responsabilidade", para que os esforços realizados pelos portugueses, submetidos a um severo plano de austeridade há dois anos, não sejam vãos.

O líder do Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças da zona do euro, Jeroen Dijsselbloem, também pediu que o país "assuma suas responsabilidades", enquanto o governo alemão se disse "confiante" de que Portugal continuará as reformas previstas em troca de uma ajuda internacional de 78 bilhões de euros concedida há dois anos.

Como primeira consequência dessa crise política provocada pelo pedido de demissão dos dois principais ministros do governo, as taxas de juros dos empréstimos a dez anos subiram acima de 8% pela primeira vez desde novembro de 2012. A bolsa de Lisboa chegou a despencar quase 6%, fazendo com que outros pregões europeus também encerrassem suas atividades no vermelho.

A situação é ainda mais explosiva porque a troika representando os credores internacionais (União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) deve começar no dia 15 de julho uma nova missão de avaliação cujo principal tema será uma reforma do Estado destinada a realizar uma economia de 4,7 bilhões de euros até o final de 2014.

Essa crise política reforçou o temor de que Portugal tenha que pedir um segundo plano de resgate internacional.

Apesar disso, o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, se esforçou em dar uma aparência de normalidade ao participar, como previsto, de uma conferência europeia sobre o emprego dos jovens em Berlim.

Impasse

Após o pedido de demissão na segunda-feira do ministro das Finanças, Vitor Gaspar, o ministro das Relações Exteriores, Paulo Portas, também deixou o governo nesta terça-feira, por estar em desacordo com a escolha da substituta de Gaspar, sua ex-secretária do Tesouro, Maria Luís Albuquerque.

Passos Coelho, que se disse "surpreso" com essa decisão, recusou a demissão de Portas, número 2 do executivo e líder do partido conservador CDS-PP, aliado do Partido Social Democrata (PSD) na coalizão de centro-direita que está no poder desde 2011.

O premiê garantiu ontem à noite que tentará superar a crise com o CDS-PP a fim de preservar a estabilidade política do país. Mas os analistas duvidam que esses dois partidos possam voltar a se entender. Segundo rumores, dois outros ministros do CDS-PP, da Agricultura e da Seguridade Social, poderiam pedir demissão.

Se isso acontecer será o fim da coalizão que dava ao governo uma confortável maioria parlamentar. Nesse contexto tenso, o presidente conservador Aníbal Cavaco Silva deve se reunir nesta quinta-feira com Passos Coelho e em seguida receber os partidos políticos representados no Parlamento.

Por sua vez, o Partido Comunista convocou uma manifestação no centro de Lisboa no final da tarde desta quarta-feira para pedir eleições antecipadas.

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