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Ucrânia/Referendo

Eleitores votam em referendo na Crimeia para definir futuro na Ucrânia ou na Rússia

As seções eleitorais na Crimeia foram abertas às 8h da manhã deste domingo (16), pelo horário local, no controvertido referendo que deve definir se a península será anexada à Rússia ou continuará no território ucraniano. Os pró-ucranianos e a minoria dos Tártaros da Crimeia, que representam entre 12% e 15% da população, boicotam as urnas. Os pró-russos votam em ambiente calmo, com a certeza da vitória. A votação termina às 20h. Os primeiros resultados parciais deverão ser anunciados ainda hoje.

Eleitora vota em Bakhchisaray, na Crimeia, com bandeira da Rússia na mão.
Eleitora vota em Bakhchisaray, na Crimeia, com bandeira da Rússia na mão. REUTERS/Sergei Karpukhin
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Não existe a possibilidade de dizer não neste referendo na Crimeia. No boletim de voto, o eleitor escolhe entre uma anexação imediata da península à Rússia ou uma autonomia mais ampla da região que vai conduzir, mais tarde, à anexação. As autoridades separatistas contam com uma participação recorde dos eleitores.

O referendo, denunciado tanto em Kiev quanto no Ocidente, acontece na presença de tropas russas que controlam a região há duas semanas, amparadas por milícias separatistas. 

Em Sebastopol, cidade histórica que acolhe a frota russa no Mar Negro há mais de 200 anos, os eleitores compareceram às urnas desde as primeiras horas da manhã. Em Bakhchisaray, "capital" da comunidade dos Tártaros da Crimeia, somente os pró-russos votam com entusiasmo. Em algumas seções eleitorais de Sebastopol e Simferopol, jornalistas foram impedidos de entrar pelos separatistas. Nas principais cidades da Crimeia, agentes já distribuem bandeiras da Rússia.

A véspera do referendo foi marcada por incidentes que deixaram dois mortos no leste da Ucrânia. Em votação no Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, a Rússia vetou neste sábado uma resolução que considerava o referendo sem valor, ignorando as advertências lançadas pelos ocidentais de violação do direito internacional.

A Rússia já enviou 22 mil soldados à Crimeia, segundo o ministério da Defesa ucraniano. Porém, o governo interino de Kiev declarou ontem que não vai retirar suas tropas da região, após a decisão dos eleitores.

Sanções europeias

O resultado do referendo na Crimeia poderá definir por muito tempo as relações entre a Rússia e o Ocidente, que conhecem a sua pior fase desde o final da Guerra Fria. A União Europeia (UE) anunciou que não vai reconhecer o resultado do referendo e deverá adotar nesta segunda-feira (17), e ao longo da semana, sanções diplomáticas e econômicas contra a Rússia. Washington procura uma solução diplomática à crise com Moscou.

Segundo a imprensa francesa, a primeira leva de sanções deve bloquear bens e contas bancárias na Europa de cerca de 30 personalidades russas e ucranianas pró-russas. A lista será finalizada hoje, depois do referendo, pelos embaixadores do bloco. Nenhum ministro do governo Putin será punido nesta fase, para deixar espaço à uma solução negociada e amigável. Por outro lado, farão parte da lista parlamentares e autoridades da área de segurança russos, assim como representantes da Crimeia que defenderam a secessão.

Passado o referendo, tudo dependerá da atitude do presidente russo, Vladimir Putin. Caso haja uma anexação rápida e definitiva da Crimeia e incidentes em outras localidades no leste da Ucrânia, os europeus passarão à segunda leva de sanções, dessa vez econômicas. A UE poderá bloquear operações financeiras específicas ou bens de empresas russas na Europa. Em paralelo, os europeus vão acelerar a assinatura do acordo de associação com a Ucrânia, que foi o estopim da crise.

Dependência energética

De qualquer forma, as sanções europeias a Moscou terão de levar em conta a dependência energética dos países do bloco. A Rússia é atualmente o primeiro fornecedor de gás natural aos 28 (40% das importações, que representam 19% do consumo total de gás da UE)  e o segundo fornecedor de petróleo (20% das importações e 16% do consumo total). 

A dependência energética da Rússia varia conforme o país. Enquanto vários países do centro e leste da Europa dependem totalmente do abastecimento de gás russo, como a Eslováquia ou os países bálticos, a parte do gá russo na Polênia é de 80%, 65% da Áustria, 37% na Alemanha e na Itália e 24 % na França, segundo dados do Senado francês. A tendência para os próximos anos é de aumento dessa dependência de Moscou.

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