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Escócia/Referendo

Virada do "sim" em referendo da Escócia agita política britânica e ameaça Cameron

A semana começa com bastante agitação na política britânica depois da notícia de que a campanha a favor da independência da Escócia passou a liderar as pesquisas de intenção de voto. Diante da virada da campanha do “sim”, os três principais partidos britânicos fazem um esforço conjunto de última hora para tentar convencer os escoceses de que o melhor é manter o país no Reino Unido. Informações da correspondente da RFI em Londres, Maria Luisa Cavalcanti.

Segundo a vice-primeira-ministra, Nicola Sturgeon, o apoio ao sim cresce especialmente entre eleitores do Partido Trabalhista e as mulheres.
Segundo a vice-primeira-ministra, Nicola Sturgeon, o apoio ao sim cresce especialmente entre eleitores do Partido Trabalhista e as mulheres. REUTERS/Russell Cheyne
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04:35

Ouça a correspondente em Londres

O referendo que vai decidir o futuro da Escócia ocorre daqui a dez dias, no dia 18. A pesquisa divulgada no fim de semana pelo jornal The Sunday Times foi a primeira a apontar o “sim” à frente do “não”, com 51% dos votos a favor da independência e 49% contra, se não forem contados os eleitores indecisos. É importante lembrar que apenas um mês atrás, as pesquisas indicavam uma vitória do voto unionista, ou seja, da decisão de manter a Escócia no Reino Unido.

Debate mudou cenário

A campanha do “não” tinha cerca de 20 pontos de vantagem em relação ao “sim” até então. Em agosto foram realizados dois debates na televisão, entre o primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, que quer a independência, e Alaistair Darling, político trabalhista que encabeça a campanha do “não”. Depois do primeiro debate, a percepção geral foi de que Salmond ainda tinha muitas questões no ar sobre o futuro da Escócia: o que aconteceria com a moeda, com a economia do país de maneira geral, se o país independente iria entrar na União Europeia e outros assuntos.

Mas no segundo debate, o líder escocês respondeu a essas questões e foi bastante incisivo no argumento de que a Escócia precisa ser governada por quem vive e trabalha no país, e não pelo governo central em Londres. Salmond foi apontado como vitorioso no debate e o “sim” começou a decolar nas pesquisas. Além disso, muitos analistas também culpam a campanha do “não” por ter relaxado nesta reta final. De qualquer forma, o número de indecisos ainda é relativamente alto, 8%, e pode fazer diferença diante desta situação de empate técnico que a última pesquisa apontou.

Partidos britânicos apóiam o “não”

Os três principais partidos britânicos, tanto os governistas quanto o de oposição, devem juntar suas forças para tentar conseguir mais votos para a campanha do “não”. No domingo, o ministro das Finanças, George Osborne, prometeu um pacote de ações para dar mais poderes para a Escócia caso o país decida permanecer no Reino Unido. Esse pacote deve ser anunciado nos próximos dias e deve incluir propostas para a Escócia ter mais controle sobre impostos, gastos públicos e benefícios sociais, por exemplo.

O pacote é endossado pelo Partido Trabalhista, de oposição, que no domingo declarou também que quer que as medidas sejam implementadas logo depois do referendo, se o “não” sair vitorioso. O líder do “sim”, Alex Salmond, disse que esse anúncio demonstra a desorganização do lado do “não” e é uma tentativa de “subornar” os escoceses para ficar no Reino Unido. Foi lembrado aqui que um pacote semelhante foi oferecido pelo governo do Canadá ao Québec, pouco antes do referendo pela independência em 1995, quando o “sim” parecia que ia ganhar, e no fim eles optaram por permanecer no Canadá.

Rainha preocupada

Muitos jornais usaram a palavra “horrorizada” para descrever o sentimento da rainha diante da possibilidade de a Escócia ficar independente. Mas oficialmente a rainha tem que permanecer neutra em relação a esse assunto e a qualquer outra questão política e social. Tanto que, mais tarde, a assessoria da família real insistiu que essa é a posição da rainha, que se mantém “estritamente neutra”. Por coincidência, o primeiro-ministro, David Cameron, passou o fim de semana com Elizabeth II no castelo de Balmoral, na Escócia, algo que é uma tradição – ocorre todo ano, com todos os primeiros-ministros. Mas fontes de dentro do palácio já disseram que o principal assunto entre eles teria sido o referendo e a virada do “sim” e que teria havido uma conversa para gerenciar essa crise.

Impacto da independência

Já há muita especulação sobre uma possível renúncia de Cameron. Algumas fontes internas dos conservadores dizem que muitos daqueles que estão insatisfeitos com ele poderiam usar o referendo como desculpa para pressionar por sua saída. Mas a derrota do “não” também teria um impacto bem grande nos trabalhistas, que perderiam muitos parlamentares em Westminster e ficariam mais fracos para disputar a eleição geral do ano que vem.
 

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