"Não" vence referendo e Escócia permanece no Reino Unido
A Escócia decidiu permanecer no Reino Unido. A apuração dos votos do referendo realizado na quinta-feira (18) mostra que a campanha contra a independência ganhou com cerca de 55% dos votos, contra 45% obtidos pelo “sim”. O resultado marca o fim da maior mobilização eleitoral da história do Reino Unido, com um comparecimento de 86% dos eleitores às urnas. É também o início de uma série de diálogos entre as autoridades para que os escoceses tenham mais autonomia política e econômica.
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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI, em Londres,
O Reino Unido acordou nesta sexta-feira (19) exatamente como é geograficamente há 307 anos. Mas politicamente o país já é outro, após a vitória da campanha do “não” no referendo pela independência da Escócia.
O líder do governo escocês e principal defensor da independência, Alex Salmond, fez um rápido discurso nesta manhã, reconhecendo a derrota. Ele exaltou o grande comparecimento dos escoceses às urnas e disse que a política escocesa nunca mais será a mesma depois deste referendo. Salmond pediu ainda para que os principais partidos britânicos cumpram com as promessas de campanha de delegar mais autonomia para a Escócia, principalmente no controle sobre impostos e benefícios sociais.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um pronunciamento no qual disse estar muito feliz com o resultado. Ele afirmou que chegou a hora de o Reino Unido "se juntar novamente e seguir adiante". Cameron também reiterou a promessa de devolver mais poderes aos escoceses.
Cameron usou o Twitter para cumprimentar o líder da campanha do “não”, Alastair Darling, por sua batalha. Darling, por sua vez, disse que o resultado é um marco na história da Escócia e também do Reino Unido. Ele reconheceu que o referendo criou profundas divergências no país e que essas diferenças precisam ser levadas em consideração pelo governo local e pelo governo britânico.
Cameron sob pressão
Apesar da vitória do “não”, analistas acreditam que David Cameron terá de responder internamente a seu Partido Conservador a críticas sobre como deixou que o “sim” quase ganhasse. O primeiro-ministro também terá que enfrentar partidários que não gostaram das propostas que ele fez para delegar mais poderes para a Escócia nos últimos dias da campanha.
O líder trabalhista, Ed Miliband, de oposição, também deve ter que responder ao partido sobre a derrota do “não” em alguns de seus principais redutos escoceses, principalmente a cidade de Glasgow.
O próprio Parlamento britânico deve ter que se ajustar à nova realidade do Reino Unido após este referendo. Uma pesquisa de opinião realizada recentemente indica que 62% dos ingleses acreditam que os parlamentares escoceses não deveriam participar de votações a leis que dizem respeito apenas à Inglaterra. Além disso, é possível que o País de Gales e a Irlanda do Norte – os outros dois países que são parte da União – cobrem mais autonomia do governo central.
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