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Portugal/Justiça

Ex-premiê José Sócrates presta novo depoimento em caso de corrupção

O ex-primeiro-ministro português José Sócrates chegou na manhã desta segunda-feira (24) para o terceiro dia de depoimento no Tribunal Central de Lisboa, no inquérito que investiga as acusações de lavagem de dinheiro, fraude fiscal e corrupção. O motorista do ex-premiê, João Perna, também preso, declarou à polícia que entregava regularmente dinheiro em espécie para Sócrates, no apartamento onde o ex-primeiro ministro mora boa parte do ano, em Paris.

O ex-primeiro ministro português, José Sócrates, passou a terceira noite detido para investigação..
O ex-primeiro ministro português, José Sócrates, passou a terceira noite detido para investigação.. REUTERS/Hugo Correia
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Sócrates mudou-se para a capital francesa depois de perder as eleições legislativas em 2011. Os valores exatos da fraude não são conhecidos, mas só o apartamento que Sócrates tem em Paris vale €3 milhões, cerca de R$9 milhões. E, para a polícia portuguesa, o padrão de vida de Sócrates em Paris é incompatível com sua situação fiscal.

Escutas telefônicas efetuadas pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), há cerca de um ano, revelaram um esquema de desvio de dinheiro para contas bancárias no exterior, efetuadas por um amigo de infância de Sócrates. Segundo a imprensa portuguesa, ele precisa explicar um patrimônio de €20 milhões em contas associadas ao seu nome. A polícia rastreou uma série de movimentações ilegais.

Sócrates governou Portugal entre 2005 e 2009 com ampla maioria do parlamento. No ano passado, ele passou a integrar o conselho consultivo do laboratório farmacêutico Octapharma, com salário mensal de €12 mil. O laboratório foi alvo de buscas na quinta-feira. A polícia também realizou várias batidas em outros locais. Além do ex-premiê e de seu motorista, outras duas pessoas suspeitas de envolvimento no caso estão detidas.

Prisão inédita em Portugal

É a primeira vez na história de Portugal que um ex-primeiro-ministro é detido pelas autoridades. O advogado de José Sócrates, João Araújo, não deu mais detalhes do processo, mas disse à imprensa que o estado de espírito do ex-premiê é “ótimo”.

Depois de deixar o governo, Sócrates disse em entrevista à RTP que tem apenas uma conta bancária há 25 anos. Ele negou ter ações ou qualquer conta bancária no exterior ou em paraísos fiscais. “A primeira coisa que fiz quando saí do governo foi pedir um empréstimo ao meu banco”, declarou.

O atual primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, muito discreto desde a detenção de Sócrates, na sexta-feira, declarou que o escândalo é um caso judicial, não político.
 

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