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Espanha/Corrupção

Infanta Cristina será julgada em caso inédito para a família real espanhola

A infanta Cristina da Espanha será julgada por delitos fiscais em um caso de fraude e tráfego de influência envolvendo o seu marido, informou nesta segunda-feira (22) um tribunal de Justiça espanhol. O caso é inédito para a família real, em um momento em que o rei Felipe VI, irmão de Cristina de Bourbon, tenta reconquistar seus conterrâneos.

A enfanta Cristina, da Espanha, deixa tribunal após testemunhar, em 8 de fevereiro de 2014.
A enfanta Cristina, da Espanha, deixa tribunal após testemunhar, em 8 de fevereiro de 2014. REUTERS/Albert Gea/Files
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A infanta, de 49 anos – a segunda do casal real Juan Carlos e Sofia – comparecerá diante da corte ao lado de seu marido, Iñaki Urdangarin, quatro anos após o início da investigação sobre irregularidades na Noos, uma organização sem fins lucrativos presidida por Urdangarin. O caso abalou a monarquia. Nesta segunda-feira (22), a casa real apenas declarou que respeita as decisões da Justiça.

O advogado de Cristina, Miquel Roca, disse à imprensa que tentará, no início de janeiro, um último recurso contra essa decisão. “Obviamente ela está mal e tão surpresa quanto todos nós”, disse Roca.

Além da infanta, 17 pessoas comparecerão diante do tribunal de Palma de Maiorca, nas ilhas Baleares, cidade conhecida por seus paparazzi em busca de registros das férias reais no palácio de Marivent.

O magistrado que cuida do caso, Jose Castro, afirma que Cristina colaborou com seu marido em dois delitos fiscais. Ele elencou as razões pelas quais considera que ela deve ser processada, entre elas vantagens pecuniárias prosaicas como “um curso de salsa e merengue a domicílio”.

Infanta diz que acreditou “por amor”

Iñaki Urdangarin, 46 anos e ex-campeão olímpico de handebol, é suspeito de ter usado sua posição próxima à família real para obter contratos nas ilhas Baleares e em Valência. O valor movimentado chega a € 6,1 milhões. Acusado desde 2011, o cunhado do rei responde por fraude fiscal, tráfico de influência, estelionato e lavagem de dinheiro.

Esta será a primeira vez que um membro da família real deverá comparecer diante da Justiça. “Se não houvesse a ação popular, a infanta não seria convocada”, celebrou Miguel Bernad, secretário-geral da Manos Limpias, organização criada em 1992 e que pressionou para que o caso fosse adiante.

Cristina tem quatro filhos e é a sexta na ordem de sucessão da monarquia. Ela não foi convidada para a cerimônia em que Felipe assumiu o trono, em junho. A infanta alega que não sabia das atividades do marido e que acreditava nele “por amor”. O caso soma-se a uma série de escândalos que abalaram a monarquia espanhola nos últimos anos: as fotos do rei caçando elefantes em Botswana, em 2012, e os emails que mostram que Juan Carlos apoiava as atividades do genro.

Por causa do incidente, o discurso de Natal do rei, previsto para esta quarta-feira, está sendo bastante aguardado pela imprensa espanhola.

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