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França

Oposição na França acusa governo de manipular população com alertas terroristas

Após os reiterados alertas do governo francês de que a ameaça terrorista estaria aumentando na França, personalidades políticas e deputados da oposição acusam o governo de tentar manipular a opinião pública. O ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, um dos maiores rivais do presidente Nicolas Sarkozy dentro de seu próprio partido (UMP), disse que o governo tenta "espalhar o pânico entre a população".

O Ministro do Interior, Brice Hortefeux cumprimenta militares enviados para garantir a segurança embaixo da Torre Eiffel.
O Ministro do Interior, Brice Hortefeux cumprimenta militares enviados para garantir a segurança embaixo da Torre Eiffel. Reuters
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Em entrevista a meios de comunicação nesta terça-feira, Villepin classificou a estratégia de comunicação do governo de "cínica e desajeitada" e fez uma comparação com os "anúncios similares" feitos pelo então presidente dos Estados Unidos, George Bush, entre 2000 e 2008. "Os Estados Unidos pagaram caro durante 8 anos vivendo com medo sob a administração George Bush" , disse.

Vários jornais regionais também acusam o governo de usar a ameaça terrorista para ocultar temas polêmicos como, por exemplo, a impopular reforma da previdência, que prevê passar de 60 para 62 anos a idade mínima para aposentadoria na França. Uma nova greve geral contra a reforma foi convocada para a próxima quinta-feira.

A oposição socialista também lamenta a falta de transparência nos anúncios feitos pelas autoridades francesas. " O governo diz que a ameaça existe, mas ninguém sabe de quem, como e porque », afirmou o deputado socialista Jean-Christophe Cambadélis, em entrevista ao Canal Plus.

O porta-voz do Partido Socialista, Benoît Hamon, também alertou para a possibilidade de o governo estar criando uma "estratégia do medo" para desviar a atenção da opinião pública, em um momento em que o poder está em plena tormenta, com a política de expulsão de ciganos do presidente Sarkozy e o escândalo envolvendo a herdeira do grupo L'Oréal, Lilliane Bettencourt, e o ministro do Trabalho, Eric Woerth.

Atentado iminente

Depois da confirmação ontem da ameaça de um atentado iminente na França pelo ministro do Interior, Brice Hortefeux, as autoridades francesas informaram que a polícia nacional procura ativamente por uma mulher kamikaze que teria a intenção de acionar uma bomba nos transportes públicos do país.

A segurança foi reforçada em diversos pontos turísticos e estações de metrô de Paris. Foi igualmente aumentado o dispositivo de segurança em torno do reitor da Grande Mesquita de Paris, Dalil Boubaker, segundo fontes oficiais.

No entanto, nenhuma recomendação suplementar foi dada sobre uma eventual cidade onde o ato terrorista poderia acontecer e a população da França ainda não recebeu nenhuma orientação especial para se proteger. Diante da falta de informação, a oposição e a própria imprensa suspeitam de manipulação política.

A França tornou-se alvo de um braço da rede terrorista Al Qaeda na região do Maghreb Islâmico, depois da operação militar frustrada no norte do Mali para recuperar o refém francês Michel Germaneau. A ação fracassou e Germaneau foi executado três dias depois. Desde então, a rede prometeu vingança.

Alvos

Quanto aos interesses franceses visados, tanto podem estar no território nacional quanto no exterior. Alvos econômicos, turísticos, diplomáticos, militares. Assassinatos e raptos de franceses, turistas, expatriados ou militares, já ocorreram na Arábia Saudita, Mauritânia, Mali, Argélia e Afeganistão entre 2007 e 2009. E a situação das empresas francesas na África tornou-se especialmente vulnerável.

A prova é a primeira revanche da Al Qaeda no norte do Níger, onde o grupo nuclear francês Areva explora reservas de urânio. Na quinta-feira passada, cinco franceses, dos quais quatro funcionários da Areva e a esposa de um deles, além de dois homens, um do Togo e outro de Madagascar, foram raptados em Arlit, no norte do país.

Nesta terça-feira, o ministro da Defesa, Hervé Morin, recusou-se a fazer qualquer comentário sobre eventuais negociações para a libertação dos reféns, afirmando que a discreção absoluta é fundamental. "Não tenho nada a esconder mas penso, antes de tudo, na segurança dos compatriotas.

Foi confirmado também o envio de militares franceses à região para tentar encontrar os sequestradores. "Quero que os nossos cidadãos voltem o quanto antes e estamos fazendo todo o possível para que isso aconteça", disse o ministro, sem dar nenhuma pista.
 

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