Contradições complicam situação de suposta vítima de Strauss-Kahn

O The New York Times traz novos detalhes neste sábado sobre os depoimentos de Nafissatou Diallo, a suposta vítima de Dominique Strauss-Kahn. Segundo o jornal americano, na última quinta-feira os investigadores mostraram para a camareira os extratos de contas bancárias abertas em quatro estados diferentes, o que a deixou sem reação.

O ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, deixa o restaurante Scalinatella, em Nova York, onde jantou com a mulher nesta sexta-feira.

De acordo com o The New York Times, os extratos das contas bancárias abertas no Arizona, na Geórgia, Pensilvânia e Nova York continham milhares de dólares. Nos diversos depoimentos que prestou à polícia, a camareira explicou que sua única fonte de renda era o emprego no hotel Sofitel, onde teria ocorrido a suposta tentativa de estupro e agressão sexual. Diante da revelação da polícia, segundo o jornal americano, Dialo calou-se e pediu um conselho a seu advogado, presente no interrogatório. Ele teria ficado sem reação diante das informações.

O The New York Times também explica em sua reportagem que as relações entre a camareira e a promotoria de Nova York no início foram cordiais. Mas com o passar do tempo, os policiais perceberam diversas incoerências em episódios importantes da vida de Dialo. Uma semana depois da prisão do ex-diretor do FMI, no dia 14 de maio, a Justiça americana descobriu a existência da gravação de uma conversa entre um suspeito de atuar numa rede de tráfico de drogas e um outro indivíduo, que dizia conhecer indiretamente a camareira.

Em seguida, a polícia descobriu, como já havia revelado o jornal na quinta-feira, que Dialo telefonou na cadeia para o namorado preso por tráfcio de drogas. A tradução da conversa, em um dialeto da Guiné, veio à tona na última quarta-feira. Durante a discussão, Dialo teria dito : "não se preocupe, esse cara tem muito dinheiro. Sei o que estou fazendo." A camareira, que também teria mentido sobre a sua entrada nos Estados Unidos, foi perdendo aos poucos a credibilidade junto à Justiça, e os depoimentos, foram ficando cada vez mais tensos. Ela teria ficado dias sem entrar em contato com a polícia.

As incoerências da suposta vítima resultaram na liberação de Strauss-Kahn nesta sexta-feira, que também recebeu a restituição da caução de U$ 6 milhões deixada como garantia no dia 14 de maio, quando foi preso. O processo, entretanto, continua, segundo a justiça americana. Mas o ex-diretor do FMI poderá ser definitivamente inocentado na próxima semana, segundo especialistas em direito. Para o advogado de Dialo, Kenneth Thompson , todas as revelações não mudam o fato que sua cliente foi, de fato, agredida sexualmente. Segundo o The New York Times, ela teria dito que levaria para o túmulo o que “esse homem fez para mim.”

Jantar

O ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, chegou ao Scalinatella Ristorante, um restaurante em Upper Est Side, no início da noite, vestindo um terno escuro, acompanhado da mulher, Anne Sinclair, e de dois amigos. Ele comeu um prato de massa com trufas, tomou vinho, e deixou o local sorrindo para os fotográfos. A conta, segundo o proprietário do local, ficou em torno de 600 dólares. De acordo com testemunhas, Strauss-Kahn estava de bom humor, e quando chegou, um casal que o reconheceu desejou boa sorte.

Com a reviravolta no caso Strauss-Kahn, membros do PS, o partido socialista francês, cogitam a possibilidade de prolongar a data limite, que termina no dia 13 de julho, para a inscrição das candidaturas às primárias para as presidencias de 2012. François Hollande, que deve disputar a vaga, e um dos favoritos nas sondagens, propôs neste sábado que o partido esperasse até agosto para encerrar o processo.