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França/ Toulouse

Mohamed Merah lamentou não ter matado mais crianças judias

Mohamed Merah, morto na quinta-feira pela polícia francesa depois de ter assassinado sete pessoas no sudoeste da França, afirmou aos policiais que lamentava não ter matado mais crianças judias no ataque a uma escola na semana passada, em Toulouse. Neste domingo, o irmão dele, Abdelkader Merah, compareceu à Justiça em Paris e poderá ser indiciado por cumplicidade nos ataques.

Mulheres muçulmanas tentam se aproximar da casa da mãe de Mohamed Merah para prestar solidariedade, neste domingo.
Mulheres muçulmanas tentam se aproximar da casa da mãe de Mohamed Merah para prestar solidariedade, neste domingo. REUTERS/Zohra Bensemra
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O Journal du Dimanche publicou na edição deste domingo uma parte dos diálogos trocados quando a unidade de elite policial RAID tentava convencê-lo a entregar as armas. Merah confessou "o prazer infinito" que experimentou durante os ataques. Ele disse que decidiu não ser um ''homem-bomba'' para poder realizar mais ataques, "ver suas vítimas, tocá-las e filmá-las", afirmaram os investigadores à publicação.

"Ele afirmou que não havia passado por campos de treinamento coletivos, mas que havia sido formado sob medida, uma espécie de aula particular", declarou um investigador ao jornal. “Durante a formação no Waziristão [na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão], o jovem afirmou que seu instrutor queria que ele cometesse atentados em Paris, mas que ele optou por começar em Toulouse", completou a fonte.

Mohamed Merah estava convencido de que "matar um soldado francês na França teria a mesma repercussão que matar 10 soldados franceses no Afeganistão". Na segunda-feira, ele estava determinado a assassinar mais um paraquedista militar, mas o homem não saiu de casa. Merah decidiu então se dirigir à escola judaica Ozar Hatorah e matar crianças. Aos policiais, o homem disse lamentar ter perdido a entrada dos alunos na escola o que o teria possibilitado atingir mais vítimas.

Entre os alvos que identificara para as ações seguintes – antes de ser descoberto - estavam o chefe da brigada anticrimes de Toulouse e uma policial da Direção Central de Inteligência Interna que o havia interrogado quando ele retornou de uma viagem ao Paquistão. No fim de fevereiro, ele alugou dois automóveis que "estavam preparados para que pudesse continuar com seu ''road-movie'' assassino", afirmou um policial.

Irmão de Merah pode ser indiciado por cumplicidade

O suspeito também se esforçou para inocentar o irmão mais velho, Abdelkader Merah, reiterando que "não tinha confiança nele", segundo os policiais. O criminoso negou qualquer influência do irmão sobre ele e se apresentou como um "autodidata do Islã que leu o Alcorão sozinho na prisão".

Apesar das declarações de Mohamed, seu irmão compareceu neste domingo a uma audiência com um juiz, acusado de cumplicidade nos assassinatos e associação criminosa com fins terroristas. "As investigações permitiram estabelecer a existência de graves indícios coincidentes, que tornam verossímil o envolvimento de Abdelkader Merah como cúmplice na preparação de crimes vinculados a atividades terroristas", afirmou uma fonte judicial.

O juiz de instrução decidirá sobre um indiciamento e eventual prisão provisória. Abdelkader Merah, 29 anos, já estava detido desde quarta-feira. A mãe dos dois homens foi liberada ontem pela polícia.

Ao ser detido, Abdelkader afirmou estar "orgulhoso" das ações do irmão, mas negou ter participado nos assassinatos cometidos por Mohamed de três crianças e um professor de religião de uma escola judaica e de três militares, entre 11 e 19 de março, em Toulouse e Montauban (sudoeste). Ele é suspeito de ter participado do roubo da scooter com a qual Mohamed cometeu os crimes. Os dois também teriam ido juntos a uma concessionária para perguntar como desativar o sistema de localização à distância da moto. Além disso, Abdelkader estaria nas proximidades da escola judaica no momento em que o irmão cometeu os crimes contra um professor e três crianças, de acordo com dados do GPS do telefone usado por ele na segunda-feira passada.

Abdelkader Merah e sua esposa foram detidos na quarta-feira, mas a companheira do irmão de Mohamed foi libertada neste domingo sem acusações.

 

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