Imposto sobre a fortuna gera polêmica na França

Os deputados franceses continuam analisando hoje na Assembleia o projeto de lei enviado pelo governo que retifica o orçamento de 2012, com o objetivo de reduzir o déficit público a 4,5% do PIB este ano. Um dos artigos mais polêmicos, que restabelece a cobrança do imposto sobre a fortuna, está no centro dos debates.

Imposto sobre a fortuna na França vai pesar no bolso dos mais ricos, mas também no das famílias de classe média alta. (Photo : RFI/Stéphane Lagarde)

Com o aumento do imposto sobre a fortuna, que tinha sido substancialmente rebaixado por Nicolas Sarkozy, o governo socialista espera arrecadar 5,7 bilhões de euros, cerca de 14 bilhões de reais, um número recorde jamais atingido desde a criação do imposto, em 1982.

Um dos pontos criticados no projeto é a falta de teto máximo para a contribuição. O efeito pode ser doloroso para os mais ricos, mas também para famílias de classe média. Para quem tem entre 3 e 4 milhões de patrimônio, até dez bilhões de reais, a contribuição pode chegar a 42%.

No jornal de economia, Les Echos, desta quarta-feira, a presidente da principal entidade patronal francesa, Laurence Parisot, critica as reformas do governo socialista, focadas principalmente em aumentos de impostos e não na reindustrialização do país.

Outra medida criticada pelos empresários franceses é a taxação das horas-extras, que pode aumentar ainda mais o custo do trabalho, colocando em risco a competitividade da indústria francesa, críticas que o governo rechaça.

O novo projeto afeta também o imposto sobre a herança. A título de exemplo, três filhos que herdam de seus pais um apartamento de 90 metros quadrados, em Paris, terão que pagar em impostos o equivalente ao preço de uma quitinete.