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França/ imigração

Sob críticas, Hollande aceita retorno de jovem cigana expulsa

O presidente francês, François Hollande, quebrou hoje o silêncio e anunciou neste sábado que Leonarda Dibrani, a estudante cigana expulsa da França para Kosovo, poderá voltar ao país para continuar com seus estudos, mas somente sozinha, sem sua família. A decisão foi criticada pela oposição e por aliados do governo socialista. O caso provocou protestos de milhares de alunos na quinta e na sexta-feiras.

Presidente Francois Hollande anunciou decisões na televisão francesa.
Presidente Francois Hollande anunciou decisões na televisão francesa. REUTERS/TF1/Handout via Reuters
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Hollande argumentou que aceita o retorno da jovem "por uma questão humanitária", já que a expulsão dos estrangeiros não violou qualquer lei. O presidente baseou sua decisão no relatório do ministério do Interior publicado neste sábado, que diz que a expulsão de Leonarda foi "conforme à legislação em vigor". No entanto, o texto destaca que a polícia não teve "o discernimento necessário" para deter a adolescente durante uma excursão escolar.

O anúncio causou mal-estar entre os aliados, a começar pelo primeiro-secretário do Partido Socialista, Harlem Désir. “Todas as crianças da família de Leonarda [devem poder] terminar os seus estudos na França, acompanhados da mãe”, comentou, depois de elogiar a “decisão de humanidade” do presidente.

Oposição critica falta de autoridade

Já na opinião de Jean-François Cope, presidente do principal partido de oposição, o UMP, Hollande “deu um golpe terrível na autoridade do Estado” francês. O ex-primeiro-ministro conservador François Fillon, do mesmo partido, “lamentou a indecisão caricata” do presidente, que “para tentar agradar, aparece ambíguo face à imigração ilegal e covarde em relação a uma adolescente, condenada a escolher entre a França e a sua família”.

A proposta de Hollande também foi rechaçada pela própria estudante, que afirma que “não vai abandonar a família”. Ela argumentou que não é única a ir à escola entre os seus quatro irmãos. O pai dela, Resat Dibrani, considerou o relatório emitido pelo ministério do Interior "uma catástrofe". "Até agora havia sido duro, mas isso é uma catástrofe. Não nos renderemos. Meus filhos estavam integrados na França, vamos continuar lutando porque aqui (em Kosovo), meus filhos são estrangeiros", declarou, à agência AFP. Resat Dibrani, de 47 anos, tem uma ficha criminal de delitos menores e violência doméstica.

Hollande também anunciou que a partir de agora será proibido deter crianças e jovens durante atividades escolares, como foi o caso de Leonarda. O ministro do Interior, Manuel Valls, despachou na noite deste sábado uma circular explicando as novas normas para a polícia de imigração. A partir de agora, a “proteção” da instituição escolar “se estende ao tempo escolar periférico e às atividades organizadas pelas estruturas destinadas a receber menores”.

Entenda a polêmica

Leonarda entrou com a família ilegalmente na França em 2009. Ela foi retirada de um ônibus escolar pela polícia, na frente de seus colegas, antes de ser enviada no mesmo dia para Kosovo, país natal de seu pai.

O episódio abalou o Partido Socialista, que critica a gestão rígida do ministro Manuel Valls na pasta do Interior. Alvo de duros ataques, alguns membros do próprio partido acusam Valls, filho de imigrantes espanhóis, de fazer uma política de direita nos assuntos migratórios.
 

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