Justiça francesa divulga primeiras condenações por apologia do terrorismo
Após a onda de atentados que deixou 17 mortos em Paris, na semana passada, a Justiça francesa começou a pronunciar as primeiras condenações por apologia do terrorismo. Um homem que elogiou a ação dos irmãos Kouachi, responsáveis pelo atentado contra o jornal Charlie Hebdo, foi condenado nesta terça-feira (13) a quatro anos de prisão.
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O delito foi introduzido no Código Penal francês em novembro do ano passado, como parte da nova lei antiterrorista adotada pelo Parlamento. O juiz François Pérain, de Valenciennes (norte), justificou o rigor da sentença.
Segundo Pérain, o réu envolveu-se em um acidente de trânsito no último sábado e tentou fugir. Quando foi parado por uma patrulha policial, os agentes constataram que ele estava alcoolizado. Em seguida, o motorista declarou aos policiais: "Deveria haver mais irmãos Kouachi nesse país e espero que vocês sejam os próximos a morrer". O homem, que não teve a identidade revelada, foi condenado por embriaguez ao volante, tentativa de fuga após acidente, ferimentos causados em terceiros e apologia do terrorismo. A sentença foi anunciada em julgamento sumário.
Em dois dias, a Justiça francesa acolheu pelo menos sete casos de infrações relacionadas com os atentados.
Em Toulouse (sudoeste), um homem de 21 anos foi condenado a 10 meses de prisão, na segunda-feira, depois de ter declarado seu apoio aos irmãos Kouachi em um tramway da cidade. Ele utilizou o transporte público sem pagar e quando foi pego em flagrante, disse aos cobradores: "os irmãos Kouachi, isso é só o começo; eu deveria estar com eles para matar mais gente", afirmou o infrator.
Um morador de Toulon (sul), de 27 anos, que publicou em seu perfil no Facebook imagens de jihadistas, com comentários de mau-gosto sobre os atentados de Paris, também foi condenado a um ano de prisão. Nesse caso, o procurador liberou o acusado da prisão depois que seu advogado disse que ele tinha feito uma "piada" e não uma "provocação".
Casos similares de apologia do terrorismo e ameaças contra a vida de policiais foram julgados nas últimas 48 horas por tribunais de Estrasburgo e Orléans.
Heróis
Nesta terça-feira, em uma cerimônia de homenagem aos três policiais mortos nos atentados, o presidente François Hollande referiu-se aos agentes como "heróis", que morreram para que "os franceses possam viver livres".
Hollande disse que o governo não vai tolerar a apologia do terrorismo e será inflexível com os jihadistas franceses que partem para a Síria e o Iraque. Diante do aumento de incidentes antissemitas e antimuçulmanos, Hollande também prometeu que o governo será "implacável" na investigação dos incidentes.
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