Acesso ao principal conteúdo
França/Terrorismo

Apesar de nova derrota nas urnas, presidente Hollande não mudará governo

O Partido Socialista, do presidente François Hollande, sofreu uma derrota expressiva no segundo turno das eleições departamentais realizadas neste domingo (29), mas não haverá, por enquanto, mudanças no ministério, na política econômica, nem na chefia do governo.  

O primeiro-ministro, Manuel Valls, em pronunciamento para analisar o resultado das eleições departamentais na França.
O primeiro-ministro, Manuel Valls, em pronunciamento para analisar o resultado das eleições departamentais na França. REUTERS/Philippe Wojazer
Publicidade

A oposição de direita foi a grande vitoriosa: o partido UMP, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, e seus aliados de centro, da sigla UDI, governarão 66 departamentos franceses, contra 34 da esquerda. Os resultados revelam que a direita conquistou 25 novos departamentos, e a esquerda apenas um. Desfrutando dessa maioria confortável nos departamentos, Sarkozy saboreou o triunfo histórico, lembrando que foi a maior vitória da direita nas eleições departamentais. 

De olho nas eleições regionais de dezembro e nas presidenciais de 2017, Sarkozy condenou a decisão de Hollande de manter o primeiro-ministro, Manuel Valls, no cargo e a mesma política econômica. "A desconfiança é total em relação ao governo. Mas ao ter anunciado, há alguns dias, que o voto desse domingo não iria mudar em nada suas escolhas nem sua política, o presidente da República decidiu deliberadamente ignorar a mensagem enviada pelos franceses nas urnas", afirmou o ex-presidente francês.

L'ancien chef de l'Etat Nicolas Sarkozy au siège de l'UMP à Paris, le 29 mars 2015.
L'ancien chef de l'Etat Nicolas Sarkozy au siège de l'UMP à Paris, le 29 mars 2015. REUTERS/Christian Hartmann

Sarkozy busca tirar proveito pessoal de sua primeira vitória eleitoral como líder da UMP. Mas seu futuro adversário nas primárias do partido para a eleição presidencial, Alain Juppé, insiste na vitória de uma "estratégia de aliança entre UMP, UDI e Modem".

Outro cacique do partido e provável adversário de Sarkozy nas primárias da UMP para escolher o candidato à presidente, Bruno Le Maire, relativizou o sucesso da direita: "Estamos esquecendo de que 50% dos eleitores não votaram, um pouco de modéstia e de paciência".

A taxa de abstenção no segundo turno foi de 50,02%, ou seja, um em cada dois franceses não foi às urnas. O voto não é obrigatório no país.

Frente Nacional cresce, mas não vence

O partido de extrema-direita Frente Nacional, de Marine Le Pen, perdeu o desafio eleitoral: não obteve o controle de nenhum departamento, mas foi bem-sucedido na medida em que aumentou sua implantação local. No primeiro turno a legenda conquistou 25% dos eleitores, a maior votação já obtida nas eleições departamentais.  

"O fato histórico esta noite (domingo) é a implantação da Frente Nacional como força política influente em numerosos territórios. Esse nível eleitoral excepcional é a base de grandes vitórias no futuro", disse Le Pen. Segundo ela, o partido poderá se beneficiar nas próximas eleições do que chama de "negação da realidade" por parte do atual governo.

"Alguma coisa está acontecendo", disse Le Pen em uma entrevista à rádio RTL. Mas "a classe política nega, ela se recusa a ver e principalmente a mudar, é o que vai nos garantir vitórias no futuro", estimou.

Socialistas nocauteados

Esta foi a quarta derrota consecutiva de Hollande desde que ele chegou ao poder, em 2012. Os socialistas perderam, sucessivamente, as eleições municipais, europeias, para o Senado e agora as departamentais. Exatamente como aconteceu com o ex-presidente Sarkozy, que durante seu mandato perdeu todas as eleições intermediárias.

Minutos após a divulgação dos resultados, o primeiro-ministro Manuel Valls atribuiu a humilhante derrota pelas divisões na esquerda no primeiro turno. Ele também reconheceu o desgaste do governo de esquerda: "Os franceses, por seu voto e mesmo sua abstenção, disseram mais uma vez quais são suas expectativas e exigências, a revolta e o cansaço diante de um cotidiano muito duro: o desemprego, os impostos, o custo de vida muito elevado. Eu ouvi essa mensagem".

O premiê Manuel Valls vai continuar no cargo. O presidente François Hollande estuda novas medidas para aquecer a economia, como maior apoio a pequenas e médias empresas, por meio de investimento público, e uma flexibilização da legislação trabalhista, a fim de estimular a criação de empregos. Hollande também negocia a volta dos ecologistas ao governo.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.