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Justiça/Política

Em carta de despedida, ex-prefeito francês nega ter ficado rico com "máfia de casamentos"

A morte nesta terça-feira (7) do ex-prefeito de Tours (centro) e senador Jean Germain, de 67 anos, provoca emoção na classe política francesa. A polícia suspeita que Germain se suicidou, no primeiro dia do julgamento em que deveria comparecer diante de juízes para responder às acusações de cumplicidade por apropriação indébita de bens e desvio de dinheiro público. O caso envolve uma ex-funcionária da prefeitura que gerenciava uma "máfia" de casamentos de turistas chineses.

Entre 2007 e 2011, o senador socialista Jean Germain (centro) teria organizado falsos casamentos para turistas chineses.
Entre 2007 e 2011, o senador socialista Jean Germain (centro) teria organizado falsos casamentos para turistas chineses. AFP PHOTO / ALAIN JOCARD
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O presidente François Hollande homenageou o colega socialista morto. "É um drama terrível que um homem tenha acabado com sua vida por não querer ver sua honra atingida", disse Hollande. "As condições do desaparecimento desse grande político são particularmente cruéis", acrescentou. O primeiro-ministro, Manuel Valls, disse estar "abalado" e ter perdido um amigo.

O procurador de Tours, Jean-Luc Beck, informou que o corpo do ex-prefeito foi encontrado na garagem da casa do político por volta de 9h, no horário local, depois de os vizinhos terem chamado a polícia após ouvir um disparo. "Tudo indica que houve suicídio com a ajuda de uma arma de caça", declarou o procurador.

Político nega enriquecimento ilícito

Em uma carta de despedida, Germain escreveu: "Para algumas pessoas, e sou uma delas, a injustiça e a desonra são insuportáveis". Ele se defendeu das acusações de que havia sido cúmplice de desvio de dinheiro público. "Saibam que não desviei um centavo, que não enriqueci, que sempre trabalhei pelo que eu pensava ser o bem-estar dos habitantes de Tours", escreveu o ex-prefeito, que também era senador. O socialista acreditava que o Ministério Público ia pedir sua condenação por "razões políticas".

Ex-funcionária comandava máfia de casamentos chineses

O pivô do caso é uma ex-funcionária municipal, Lise Han, que desviou € 750 mil do caixa da prefeitura de Tours promovendo casamentos simbólicos de jovens chineses, entre 2007 e 2011. Os casamentos coletivos eram organizados pela prefeitura, às vezes celebrados pelo ex-prefeito ou por outros assessores municipais, como prevê a lei, mas eram uniões "armadas" para os álbuns de fotografias. Os casais chineses eram atraídos pela região turística do Vale do Loire, rica em paisagens de castelos e vinhedos.

Ao todo, seis pessoas foram indiciadas no caso, incluindo o ex-prefeito, que poderia ser condenado a dez anos de prisão e € 150 mil de multa.

A denúncia de corrupção na prefeitura de Tours foi feita pelo jornal Le Canard Enchainé, no verão de 2011.

Advogada advertiu tribunal

A advogada do político, Dominique Tricaud, informou o tribunal que Germain não compareceria à audiência porque "estava muito mal". "Eu o vi na semana passada e ele estava muito abatido, dizendo que ninguém em sua família tinha estado num tribunal. As acusações contra ele são infames", disse a advogada, pouco antes de ser informada sobre a morte do senador.

O tribunal de Tours adiou o julgamento dos demais acusados no caso.

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